Violência

Policiais que arrastaram mulher em viatura no RJ são soltos

Tomaz Silva/Agência Brasil Três policiais acusados de arrastar Claudia Ferreira prestaram depoimento em Madureira Rio de Janeiro – Os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Miguel Archanjo e o sargento […]

Tomaz Silva/Agência Brasil

Três policiais acusados de arrastar Claudia Ferreira prestaram depoimento em Madureira

Rio de Janeiro – Os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Miguel Archanjo e o sargento Alex Sandro da Silva Alves, que estavam na viatura onde a auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira foi arrastada, foram soltos ontem (21).

Os policiais disseram que estavam levando Claudia para ser atendida no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na zona norte, após ter sido baleada no peito e no pescoço durante uma operação policial no Morro da Congonha, em Madureira, também na zona norte.

Durante o transporte, a porta traseira do veículo abriu e Claudia, pendurada no carro, foi arrastada na Estrada Intendente Magalhães. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), os policiais foram liberados no final da manhã desta sexta-feira.

Eles estavam presos desde segunda-feira (17), na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste. De acordo com a Polícia Militar, os subtenentes e o sargento, a partir de agora, vão trabalhar em funções administrativas do 9º Batalhão da Polícia Militar (Rocha Miranda).

Depoimentos

O delegado da 29ª Delegacia de Polícia (DP), em Madureira, Carlos Henrique Machado, responsável pelas investigações da morte da auxiliar de serviços gerais Cláudia da Silva Ferreira, informou que aguarda o resultado dos laudos da perícia, do local e das armas, tanto dos policiais como as apreendidas na ação. O delegado solicitou ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli perícias complementares para tentar apontar o tipo de arma que foi usada no homicídio de Cláudia e estimar o tempo da morte dela. O delegado acrescentou que a reconstituição do crime só deve ocorrer daqui a 15 dias.

Ontem (21), o viúvo de Cláudia, Alexandre Fernandes da Silva, a filha mais velha, Thaís, e mais duas moradoras da comunidade prestaram depoimento. Além deles, o delgado já ouviu oito policiais militares.

O advogado da família, João Tancredo, acompanhou os depoimentos, e disse que as moradoras contaram que Cláudia foi ferida quando andava em direção aos policiais. Elas negaram que tenha havido confronto entre policiais e traficantes. “O Alexandre e a Thaís prestaram depoimentos do que ouviram falar. Thaís chegou quando a mãe estava caída no chão, mas as testemunhas viram quando Cláudia foi atingida, o que é muito diferente. Reforça a tese de que ela foi morta no local”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Segundo o advogado, a retirada do corpo de Cláudia do local onde foi atingida, foi feita para mudar a cena do crime. “Isso é uma característica, e acontece muito no Rio de Janeiro. Retira-se o corpo da pessoa já morta no local com a intenção de alterar o cenário e com isso dificultar a perícia. É claro que isso acabou acontecendo. Agora com o depoimento das testemunhas vai ocorrer uma reprodução simulada do fato e com peritos no local, como foi feito no caso Amarildo”, analisou.

João Tancredo disse ainda que a família ficou triste com a liberação dos policiais que arrastaram, em um carro da PM, o corpo da auxiliar de serviços gerais por cerca de 300 metros, na Estrada Intendente Magalhães, após ela ter sido ferida. O advogado acrescentou que mais do que tristeza tanto a família como os moradores da comunidade sentem medo com a liberdade dos policiais. É muito difícil para a família entender a libertação deles. Mas, mais que tristes, assim como os moradores, estão com medo deles estarem soltos”, contou.

Indignado com a libertação dos policiais, o viúvo Alexandre disse que “para eles não tem Justiça. Justiça tem para mim. Se eu chegar ali e der uma paulada em um ali, eu vou para a cadeia. E aí? Vocês acham que a gente não fica com medo?, questionou.

O advogado esclareceu que como não foi configurado o crime dos três policiais, porque não ficou caracterizado que eles atiraram e quiseram transportar o corpo para  mudar a cena, eles teriam que ser soltos. João Tancredo, ponderou, no entanto, que diante dos depoimentos das testemunhas, se a polícia chegar à conclusão de que eles participaram da morte, os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Miguel Archanjo e o sargento Alex Sandro da Silva Alves podem ser presos por homicídio. “Se chegarem à conclusão de que quem atingiu foi o mesmo que socorreu, aí vai responder pelo homicídio, pela alteração do local do crime e por formação de quadrilha, porque se juntaram para cometer o crime. Pode complicar muito a vida deles”, explicou.

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