Inclusão

Bolsa Família encurta caminho do Brasil rumo a metas sociais da ONU

Com o programa, redução das desigualdades no país foi de 70% nos últimos 11 anos, diz Ipea. Nações Unidas estabeleceram redução de 50% das desigualdades num prazo de 25 anos

Valter Campanato/Agência Brasil

Os 10% mais pobres do país tiveram acréscimo de suas rendas de 120,22% em onze anos

Brasília – Avaliação apresentada hoje (15) sobre o Bolsa Família mostrou, em números reais, que a aplicação do programa entre famílias em condições extremas de pobreza levou o Brasil a conseguir, em pouco mais de uma década, superar as metas que tinham sido estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o país – que previam a redução de desigualdades em 50% de 2000 até 2025.

A principal constatação do trabalho, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com o apoio do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, é de que, em 11 anos, os 10% mais pobres do país tiveram acréscimo de suas rendas de 120,22%, enquanto os rendimentos dos mais ricos cresceram 26,41%.

Ou seja, embora os ricos brasileiros ainda sejam muito ricos, a renda dos mais pobres foi ampliada cinco vezes mais que a dos mais abonados nos últimos 11 anos, em função dos benefícios do Bolsa Família e seu impacto na casa dos brasileiros. Além disso, de 2001 até 2012, a pobreza no Brasil teve uma queda de 70% de um modo geral, quando a meta da ONU era de que esse percentual de redução de desigualdade fosse de 50% em 25 anos. “Conseguimos atingir e superar a meta da ONU em menos da metade do tempo previsto”, afirmou o presidente do Ipea, o economista Marcelo Neri, que vê o programa como principal responsável pelo resultado.

O trabalho tem três pilares de destaques observados pelo programa desde a sua criação: a transferência de renda, propriamente, que inclusive contribuiu para aumento do consumo e movimentação da economia, acesso da população de baixa renda a serviços públicos e inclusão produtiva dessas famílias. “Trata-se de uma abordagem que está ligada a canais diversos de combate a pobreza”, enfatizou Nery.

“O principal elemento do Bolsa Família tem sido o combate frontal à desigualdade, a capacidade de chegar aos mais pobres dos pobres. O Brasil, que antes era chamado do país das desigualdades, a Belíndia da América Latina, teve no Bolsa Família sua primeira vitória efetiva”, completou o diretor do Ipea.

Conforme ainda o estudo divulgado hoje, o crescimento da renda dos mais pobres pelo Bolsa Família levou também à prosperidade desses brasileiros e, numa avaliação mais subjetiva, à mudança de percepção dessas pessoas sobre sua própria condição de vida e felicidade. O programa, quando avaliado do ponto de vista macroeconômico, apresenta ainda uma outra característica bem dimensionada e destacada por entidades internacionais: o caráter da sustentabilidade, que corresponde à tendência de levar as famílias assistidas a padrões de vida duradouras, conquistados a partir dos benefícios implementados e, posteriormente, ampliados com outras práticas de ampliação do trabalho e renda – o que foi chamado pelos responsáveis pelo estudo como “estoques de recursos”.

A pesquisa completa, que mostra indicadores e comparativos do desenvolvimento do programa e seus impactos será divulgada num livro, cujo lançamento está previsto para o próximo dia 30 de outubro, durante solenidade de comemoração dos 30 anos do programa. Os resultados principais – que, inclusive, nortearam o aprofundamento da avaliação nos mais diversos aspectos sociais e econômicos do país – estão sendo divulgados agora pelos técnicos do Ipea.

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