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Favela do Moinho terá diálogo permanente com a prefeitura de São Paulo

Algumas intervenções, como construção de rotas de fuga para casos de incêndio, começam a ser realizadas na próxima segunda-feira

Reunião entre representantes da Favela do Moinho, Fernando Haddad e secretários estabeleceu avanços

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), se comprometeu a desenvolver um grupo de trabalho com os secretários de Habitação, Floriano Marques, das Relações Governamentais, João Antonio, de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, e com o subprefeito da Sé, Marcos Barreto, para elaborar uma proposta de gestão participativa que possa debater o futuro dos moradores da favela do Moinho, no bairro de Campos Elíseos. O compromisso foi assumido em reunião com uma comissão da comunidade, na manhã de hoje (12), na sede da administração municipal.

Segundo Caio Castor, coordenador do projeto Comboio, que realiza projetos de arquitetura para moradias populares e mantém parceria com a associação da comunidade, o grupo de trabalho será composto também por um grupo de moradores e será incumbido de avaliar se é possível realizar a urbanização da favela. “De nossa parte já temos os membros da comissão. Na próxima semana, a prefeitura dará retorno sobre a definição deles e de quando poderemos sentar para iniciar os trabalhos”, explicou.

Além disso, Castor afirmou que as melhorias emergenciais reivindicadas pelos moradores serão iniciadas na próxima semana. “O prefeito se comprometeu a enviar uma equipe da subprefeitura da Sé, junto com os bombeiros, para derrubar o muro construído após o primeiro incêndio (em dezembro de 2011) e estabelecer rotas de fuga (para o caso de novos acidentes) com os moradores já na segunda-feira (15)”, disse. As discussões sobre outras demandas, como rede de água, esgoto e energia elétrica, serão definidas e acompanhadas pelo grupo de trabalho, e ainda não têm data para ser iniciadas.

“Após a derrubada do muro poderemos pensar na redistribuição das moradias, para desadensar alguns pontos e possibilitar a instalação de redes de água e esgoto para melhorar as condições de vida na comunidade”, explica Castor.

No próximo domingo (14), vai ser realizada uma assembleia entre os moradores do Moinho para avaliar o resultado da reunião e decidir os próximos passos da mobilização da comunidade, inclusive com a possibilidade de novas manifestações.

Na sexta-feira passada (5), os moradores realizaram um protesto com cerca de 300 pessoas exigindo que Haddad cumprisse as promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2012, quando esteve na comunidade e afirmou que trabalharia pela regulação fundiária do local, garantindo a posse da terra aos moradores.

As famílias querem permanecer no local, embora a gestão municipal tenha proposto que as pessoas se mudem para moradias definitivas, na região da ponte dos Remédios, que estão sendo construídas. Em vez disso, a comunidade quer da prefeitura um processo de urbanização de forma participativa, em parceria com a associação de moradores, e por sistema de mutirão, com autogestão. Também querem que sejam implementados serviços de água, luz, esgoto e coleta de lixo e instalados equipamentos de combate a incêndio.

A favela já foi atingida por dois incêndios. O primeiro, em dezembro de 2011, deixou 600 pessoas desabrigadas e destruiu um terço da comunidade. O segundo ocorreu em setembro do ano passado e atingiu 80 barracos. Ao todo, a prefeitura cadastrou 810 famílias residentes do Moinho – metade delas está recebendo auxílio-aluguel. No entanto, muitos retornaram para a favela, afirmando que o valor é insuficiente para alugar uma casa no centro da capital.