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Para Vannuchi, reforma política é ‘desaguadouro’ para protestos de rua

Ex-ministro avalia que financiamento público de campanha deve ser uma das principais mudanças submetidas ao crivo da população

Antonio Cruz/Agência Brasil

Vannuchi: reforma política deve mostrar vínculo entre corrupção e financiamento eleitoral por empresas

São Paulo – O ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Paulo Vannuchi avalia que a proposta de reforma política feita pela presidenta Dilma Rousseff é uma resposta aos protestos que ocorreram no país nos últimos dias. “É uma resposta ao que se viu nas ruas: é preciso organizar os protestos, transformá-los em propostas, medidas pelas rédeas da maioria. Só seguirão adiante as que tiverem claramente uma adesão mais forte”, disse Vannuchi, em sua coluna na Rádio Brasil Atual.

Para ele, a realização de uma Constituinte, proposta por Dilma na segunda (24), põe em risco avanços sociais consolidados na Constituição de 1988. Ontem, o vice-presidente Michel Temer esclareceu que será realizada uma consulta pública, mas não para convocar uma Constituinte. “Uma vez aberto o processo de Constituinte, pode haver manobras para mexer em avanços sociais conquistados em 1988. Além disso, poderia haver dificuldades jurídicas, porque não existe uma Constituinte exclusiva, como Dilma propôs. O que pode é haver emendas à Constituição.”

Para o ex-ministro, o financiamento de campanhas eleitorais é um dos principais pontos da reforma política, pois mostra o vínculo entre financiamento por empresas e corrupção. “Se examinarmos a história mais recente da corrupção, pelo menos 90% se relaciona a empresários que apoiam campanhas. Ainda que o apoio seja feito legalmente, o problema político já está dado, pois a empresa que financiou vem pedir a gratidão depois.”

Segundo Vannuchi, outra proposta anunciada pelo PT é a discussão sobre o imposto sobre grandes fortunas (considerados valores acima de R$ 13 milhões): “Tony Blair fez isso na Inglaterra para financiar o setor da saúde e deu muito certo. A discussão entra em sintonia com a manifestação popular já que, no Brasil, o momento é de pressão para o aumento dos gastos sociais.” De acordo com o ex-ministro, para valer já nas eleições de 2014, a proposta de reforma política deve ser discutida e aprovada até o fim de 2013.

Ouça a coluna de Vannuchi completa na Rádio Brasil Atual

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