Assassinato de jovem Guarani-Kaiowá provoca ocupação em Mato Grosso do Sul

Os índios já reivindicavam como território tradicional área em que garoto de 15 anos foi morto

São Paulo – Os indígenas da aldeia Tey’ikue ocuparam a área da fazenda onde supostamente foi assassinado o jovem Kaiowá Denilson Barbosa, de 15 anos. Ele foi encontrado morto com um tiro na cabeça e dois no pescoço no domingo (17), em uma estrada que separa a aldeia Guarani-Kaiowá Tey´ikue de fazendas existentes na cidade de Caarapó, na região sudoeste de Mato Grosso do Sul, a cerca de 50 quilômetros de Dourados. Desde ontem (19), mais de mil indígenas estão acampados em protesto contra o assassinato do jovem.

“Nós queremos justiça, mas sobretudo viver em paz, sem medo. Não queremos mais estas mortes”, disse o líder indígena Otoniel Guarani, do Conselho Continental da Nação Povo Guarani, à Rádio Brasil Atual.

Os índios já reivindicavam a área da fazenda em que Denilson foi morto como território tradicional indígena. Segundo o coordenador substituto do escritório da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Dourados, Vander Aparecido Nishijima, o corpo de Denilson Barbosa foi localizado depois de uma denúncia anônima, e a polícia está trabalhando com a hipótese de que o jovem tenha sido executado.

As primeiras informações são de que o adolescente saiu para pescar com o irmão mais novo, de 11 anos, e outro índio, no sábado (16) à tarde. Ao passarem perto de um criadouro de peixes, os três foram abordados por homens armados que, segundo os dois índios sobreviventes, atiraram. Na fuga, Denilson teria ficado preso em uma cerca de arame farpado, foi alcançado pelos pistoleiros e agredido.

Segundo Otoniel, os indígenas da aldeia Tey’ikue não planejavam ocupar a área da fazenda. “Isso aconteceu depois que a criança foi morta por pistoleiros da fazenda.” Ele também explica que a atuação da polícia local no caso tenta, sobretudo, apaziguar a a relação entre os indígenas e os produtores rurais. “Parece que não foi muito bem esclarecido o fato, onde aconteceu, porque aconteceu, e quem fez isso.”

Ouça aqui a entrevista de Otoniel Guarani à repórter Marilu Cabañas. 

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