Doação de Dilma a Tortura Nunca Mais pode amenizar dificuldades financeiras

Movimento social baseado no Rio de Janeiro não aceita financiamento de governo, apenas da ONU, mas os recursos estão rareando

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff disse que vai doar ao grupo Tortura Nunca Mais a indenização de aproximadamente R$ 20 mil que receberá no mês que vem do governo do Rio por conta de sua prisão em 1970 pelo regime militar. Segundo o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, 316 pessoas receberão a indenização. O governo fará o pedido oficial de desculpas no dia 4, no Rio.

O grupo Tortura Nunca Mais do Rio foi fundado em 1985 por ex-presos políticos torturados e por familiares de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985). Presta assistência psicológica e psiquiátrica às vítimas da tortura. Atualmente tem 80 pacientes, mas tem reduzido a capacidade de atendimento devido à falta de recursos. 

A indenização chegará a calhar. “Para nós é uma atitude muito respeitosa e chega num momento de sérias dificuldades financeiras. Será muito bem-vindo o dinheiro se entrar como doação”, disse a vice-presidente do movimento, Cecília Maria Bouças Coimbra, professora universitária, vítima da ditadura. Segundo ela, a entidade não aceita financiamento de governo algum, apenas da ONU, que, por meio do Fundo Voluntário das Nações Unidas para as Vítimas de Tortura, em 2012 provisionou US$ 30 mil. 

A doação do fundo, que parece ameaçada por conta da crise econômica na Europa, não chega a custear o grupo nem por três meses. O gasto mensal é de US$ 11 mil. Mas as doações de pessoas físicas ligadas à causa ajudam a manter as atividades. “Nossa existência não está ameaçada. Nós podemos diminuir a quantidade de atendimentos, mas acabar, não”, afirmou Cecília. “O que fazemos para amenizar os efeitos da tortura deveria ser feito pelo Estado, mas não é”, completou a ativista.

 

 

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