Ministério Público pede que PF acompanhe investigações sobre assassinato no Pará

Casal de líderes de assentamento extrativista foi morto a tiros; castanheiro teve orelha cortada

São Paulo – O Ministério Público Federal (MPF) do Pará quer que a Polícia Federal (PF) acompanhe as investigações do castanheiro José Cláudio Ribeiro da Silva, assassinado nesta terça-feira (24) juntamente com sua mulher, Maria do Espírito Santo da Silva. Segundo o MPF, informações do advogado José Batista, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Marabá, dão conta que o casal saiu de casa de motocicleta pela manhã, andaram cerca de dez quilômetros e tiveram de diminuir a velocidade para atravessar uma ponte. Nesse momento, teriam sido atacados por dois pistoleiros. O crime aconteceu dentro do Assentamento Extrativista Praialta-Piranheira, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará.

Além dos vários tiros, José Cláudio teve uma orelha cortada pelos assassinos, segundo a CPT. O enterro está previsto para esta quarta-feira, em Marabá. Ele tinha 52 anos e Maria, 51. O casal tinha um filho adotivo, de 15 anos.

Ainda de acordo com o Ministério Público, os líderes extrativistas haviam informado nomes de madeireiros de Jacundá e Nova Ipixuna que estariam pressionando os assentados e invadindo suas terras para retirar madeira de forma ilegal. O MPF encaminhou essas denúncias à PF e ao Ibama.

“O Ibama já tinha feito vistorias, detectado a extração ilegal de madeira e até feito interdição de serrarias. A pressão para retirada e venda ilegal de madeira é muito grande sobre assentamentos em todo o sudeste do Pará, por causa da demanda por carvão para a siderurgia”, diz o Ministério Público.

Segundo o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), organização fundada por Chico Mendes (também assassinado, em 1988), José Cláudio e Maria viviam há 24 anos em Nova Ipixuna. “O terreno deles tinha aproximadamente 20 hectares, mas 80% era área verde preservada”, contou Clara Santos, sobrinha de José Cláudio. “Graças à iniciativa dos meus tios, atualmente o PAEX (Projeto de Assentamento Agroextrativista) Praialta-Piranheira tem um convênio com Laboratório Sócio-Agronômico do Tocantins (LASAT – Universidade Federal do Pará), para produção sustentável de óleos vegetais, para que os moradores possam sustentar-se sem agredir a floresta.”

 

Com informações do MPF e do CNS

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