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Estudante é detido e torturado pela polícia a portas fechadas

Na assembleia dos metroviários, estudante deu seu depoimento na noite desta segunda-feira: 'A luta de vocês é fundamental para todo o país. Os estudantes têm que ir para as ruas, sim'

facebook/anel

Murilo também sofreu humilhação pelo fato de ser homossexual

São Paulo – Entre as detenções realizadas pela Polícia Militar de São Paulo no 5º dia de greve dos funcionários do Metrô, está a do estudante Murilo Magalhães. Eles participou do ato em solidariedade aos metroviários na manhã desta segunda-feira (9) e, de acordo com militantes da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel), movimento social em qual milita, Murilo foi, além de detido, espancado e torturado por agentes PM.

De acordo com Lucas Britto, da executiva nacional da Anel, o ato em solidariedade aos metroviários já tinha acabado e, como forma de protestar contra a truculência policial e a prisão de funcionários do Metrô, um grupo de militantes se encaminhou para a sede da Secretaria de Segurança Pública, no centro da capital.

“O Murilo e a Ariele, outra militante, estavam tentando se acorrentar ao portão da secretaria, como forma de protesto, quando foram abordados por três policiais não identificados. Ariele conseguiu fugir, mas o Murilo foi pego e levado para uma sala sem câmeras dentro do prédio da secretaria”, afirmou Britto.

De acordo com o militante, Murilo foi obrigado a ficar nu e, por ser homossexual, foi vítima de humilhações de cunho homofóbico, como xingamentos de “veado”. Ele ainda foi espancado pelos agentes e apresenta uma série de lesões por todo o corpo.

Depois de ser encaminhado ao 36º DP e passar horas algemado, sem poder contatar seu advogado, o estudante foi liberado mediante o pagamento de fiança no valor de R$1 mil. Sua detenção foi motivada, de acordo com o boletim de ocorrência, por resistência à prisão e dano ao patrimônio público. “Se acorrentar a um portão não lesa o patrimônio público. Sua detenção teve motivação política”, destacou Britto.

Murilo foi encaminhado agora para o Instituto Médico Legal para fazer o exame de corpo de delito e advogados do movimento social averiguam o caso para entrarem na Justiça contra o Estado pelo crime de tortura. A Anel fez também uma moção de repúdio pelo episódio, através da qual buscam apoio de outros movimentos sociais, sindicatos, artistas e até da Anistia Internacional.

O estudante participa neste momento da assembleia dos metroviários, onde acaba de dar seu depoimento: “Agora tô sendo indiciado por uma coisa que não fiz, que é invasão do espaço público, por agressão, que é uma mentira, eu fui agredido. Queria dizer que o que eu fiz sem dúvida alguma parte da compreensão de que acho que é um momento sério que a gente está vivendo aqui hoje. A luta de vocês é fundamental para todo o país. Os estudantes têm que ir para as ruas, sim, se solidarizar com os trabalhadores e parar este país. O que eles querem é que eu abaixe a cabeça e vá para casa. Mas quero dizer que não vou fazer isso”, avisou.