Última chance de ver exposição sobre Chaplin em São Paulo

A última oportunidade para ver a mais completa exposição a respeito do cineasta e ator Charles Chaplin apresentada no Brasil é nesse domingo (27), de graça, no Instituto Tomie Ohtake, […]

A última oportunidade para ver a mais completa exposição a respeito do cineasta e ator Charles Chaplin apresentada no Brasil é nesse domingo (27), de graça, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. A mostra “Chaplin e sua Imagem” reúne mais de 200 documentos a respeito do artista, entre capas de revistas, desenhos, cartazes de filmes e muitas fotografias e trechos de filmes e de documentários.

A exposição – que já rodou pela Europa, México e Estados Unidos, sempre com curadoria do francês Sam Stourdz, amigo da família do artista – é uma ótima oportunidade de penetrar no universo audiovisual criado por um dos mais importantes nomes da arte cinematográfica, que nasceu em 1889, em Londres, e faleceu em 1977, em Corsier-sur-Vevey, na Suíça.

Por incrível que pareça, ele não tem uma filmografia tão extensa – são cerca de 70 curtas e médias-metragens e apenas nove longas-metragens. Porém, ela foi extremamente marcante ao ponto de ser reverenciada até hoje. Muito em função do carisma desenvolvido pelo personagem Carlitos e pela maneira inovadora como retratou, por exemplo, o resultado da Revolução Industrial, em “Tempos Modernos”, e os regimes totalitários, em “O Grande Ditador”.

Em 15 de agosto de 1919, Charles Chaplin parecia explicar o objetivo do trabalho desenvolvido por ele, em entrevista reproduzida na exposição: “Eu sempre tento criar o inesperado de uma nova maneira: se eu tiver a sensação de que o público está esperando que eu desça a rua a pé, de repente, eu pulo em um carro. Se eu quiser atrair a atenção de alguém, em vez de tocar-lhe o ombro ou chamá-lo, encaixo minha bengala debaixo de seu braço e puxo-o gentilmente em minha direção. Imaginar o que o público está esperando e depois fazer diferente é puro prazer para mim”. 

O resultado sempre foi extremamente eficiente, como é possível conferir nos curtas-metragens e nos trechos dos filmes exibidos na mostra, caso da famosa luta de boxe de Carlitos em “Em Busca do Ouro”, de 1925. A respeito desse filme, é interessante observar as informações referentes ao designer de set David Hall, que reproduziu a Sierra Nevada em estúdio, quando o gelo foi criado por 200 toneladas de gesso, 285 toneladas de sal e 100 barris de farinha.

Na mesma seção, é possível conferir também o raro curta-metragem “Ombros, Armas!”, de 1918, em que Carlitos aparece fantasiado de árvore e provocando os transeuntes. Outro destaque é o curta-metragem “Carlitos O Cubista”, criado pelo artista plástico cubista francês Jules-Fernand-Henri Léger.

Há pelo menos mais dois objetos na mostra que merecem atenção especial – as raras unidades das revistas em quadrinhos francesas estreladas por Carlitos e as imagens de anônimos tentando imitar os passos do personagem diante do próprio Chaplin.

Além do modo particular de andar, Carlitos também ficou marcado por pelo menos dois acessórios – a bengala e o chapéu. “Eu não tinha ideia do personagem. Mas no momento em que me vesti, as roupas e a maquiagem me fizeram sentir a pessoa que ele era. Comecei a conhecê-lo e, no momento em que entrei no palco, ele havia nascido de forma completa”, explicou o próprio artista, em sua autobiografia de 1964.

Porém, se é inquestionável o imenso sucesso obtido por Carlitos, o próprio curador é enfático ao destacar que “Chaplin sabia melhor do que ninguém que Carlitos estava fadado ao cinema mudo. O vagabundo inventara sua própria linguagem, uma que todos compreendiam, e foi essa abolição das fronteiras lingüísticas que o tornaram universal”.

Se Chaplin resistiu ao máximo a utilizar o som em seus filmes – a primeira vez foi com Carlitos cantando num idioma inventado em “Tempos Modernos” –, sua obra será eternamente reverenciada, justamente por ser facilmente compreendida por pessoas de diferentes origens e faixas etárias. 

Desse modo, a exposição é muito mais focada no personagem imortalizado por Charles Chaplin do que na vida desse artista de trajetória difícil e conturbada, como pode ser verificado no ótimo filme estrelado por Robert Downey Jr. e dirigido por Richard Attenborough, em 1992. Mesmo assim, ela precisa ser visitada por todos os adoradores de Carlitos e do cinema e merece ser levada a outros lugares do país.

Serviço
Exposição “Chaplin e sua Imagem” – Último dia – domingo, 27/11, das 11 às 20 horas. Grátis.
Avenida Faria Lima, 201, Pinheiros. São Paulo. T: (11) 2245-1900

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