Sergio Dumont traz clima de ‘Clube da Esquina’ em CD de estreia

Sérgio Dumont estreia misturando sonho e natureza (Reprodução) Sérgio Dumont nasceu no Rio de Janeiro, em 1960, mas sua principal referência musical vem mesmo é das montanhas de Minas Gerais, […]

Sérgio Dumont estreia misturando sonho e natureza (Reprodução)

Sérgio Dumont nasceu no Rio de Janeiro, em 1960, mas sua principal referência musical vem mesmo é das montanhas de Minas Gerais, mais especificamente dos músicos que articularam o Clube da Esquina, nas décadas de 60 e 70, mas já rompeu fronteiras. Três das doze faixas do primeiro e homônimo álbum, lançado em 2012, foram incluídas na trilha musical do filme The Heartbreaker, estrelado por Giovanna Antonelli, que interpreta Ana Passos, uma terapeuta brasileira que vive em Boston, nos Estados Unidos. Aproveitando o lançamento, o artista se apresentou, em janeiro, na Brazilian S. House, em Nova York.

A influência do Clube da Esquina já aparece numa das melhores faixas e que dá título ao álbum, Sonhei Demais, conta com a participação especial e a produção musical de Flávio Venturini. Trata-se de uma acolhedora balada: “Nobre, orgulhoso caçador / Tem na sua presa um troféu / Vaidade / Eu sei, vamos pagar o preço exato / e não tardará / Melhor acordar, harmonizar / Eu sei sonhei demais”.

A temática do sonho também está presente na canção que abre o álbum, Vida, mas que é muito mais calcada na esperança da busca por dias melhores: “Eu sei que todos querem felicidade / Ouro de real valor / Força mágica que faz tanto bem / A quem tiver / A coragem de seguir / Procurando o caminho acertar”.  E em Que Seja Sonho, que conta com a poderosa Flugel Horn (instrumento de sopro da mesma família do trompete) de Márcio André. Já a paisagem brasileira presente em Sonhei Demais reaparece na animada Brasileirice: “Gente de toda essa terra / Jangada e vela pra sempre a nos levar / Tesouro dentro do peito / Imagens ligeiras / Nesse meu cantar”.

Outra ótima faixa, e uma das poucas que não levam a assinatura de Sérgio Dumont, é a arrebatadora canção de amor O Nosso Destino, composta por Alexandre Loro, Daniel Figueiredo (que é também o diretor do álbum), Leo Shanty e Luciana Browne. A outra faixa em que o artista é apenas intérprete é a mais do que clássica La Vie en Rose, de Edith Piaf e Louiguy. A força do canto também é comprovada no dueto com Jane Duboc, em Realeza Vulgar, que cita “falso brilhante”, de certo modo remetendo ao clima do álbum gravado por Elis Regina, em 1975, e conta com a potência do saxofone soprano de Zé Canuto.

Além de Zé Canuto, outros ótimos músicos acompanham Sérgio Dumont. Esse é o caso de, entre outros, Ricardo Leão (também produtor do álbum, no piano e nos teclados), João Castilho (violão), André Rodrigues (baixo), André Siqueira (percussão), Márcio André (Flugel Horn), Torcuato Mariano (guitarra), João Viana (bateria) e Pedro Mamede (bateria). Eles fazem toda a diferença, por exemplo, em outra faixa que se destaca no disco, Beija-Flor.

Mas se a referência é Minas Gerais e o Clube da Esquina, não poderia faltar uma homenagem à Vila Rica, que ficava onde hoje está Ouro Preto e é um marco da história do estado e do Brasil, na época do ouro: “Ladeiras / Do pé de moleque / Dos sobrados / E das casas singelas / Te vejo passar, me abre tuas portas / Se despe agora / Mostra-me tuas glórias / Teus segredos / Me deixa te amar e te amar / Me deixa sonhar e sonhar / Me faz delirar”. 

O retrato da paisagem segue em Praia Seca e o álbum termina com a romântica Só Por Amor e a bossa nova instrumental Tema Número 1. E Sergio Dunont demonstra que aparece no cenário musical com um trabalho maduro, cheio de ótimas referências, e que é capaz de romper fronteiras, buscando novos horizontes, mas sem esquecer do que há de melhor na música brasileira.

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