Pnuma sai da Rio+20 mais fortalecido, mesmo sem agência ambiental, afirma Achim Steiner

O diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente afirmou que 'ONGs devem falar por si só'

Steiner: ‘Queremos dar aos ministros do Meio Mmbiente melhores condições para discutir os desafios que estamos vivendo’ (Foto:José Cruz/ABr)

Rio de Janeiro – Defendendo o documento final da Rio+20, o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o brasileiro naturalizado alemão Achim Steiner, disse hoje (22), que o Pnuma sai fortalecido da Conferência da ONU. Na última entrevista coletiva do diretor, Steiner comemorou a ampliação do países que participam ativamente das decisões do programa, além do “up grade” que será transferido ao orçamento do programa da ONU para o meio ambiente.

“As discussões para o fortalecimento do Pnuma ainda não estão finalizadas. O que queremos é dar aos ministros do meio ambiente melhores condições para a capacidade de discutir os desafios que estamos vivendo. O que está sendo discutido é a governança ambiental. Embora as pessoas gostariam que tudo isso fosse além”, minimizou o diretor, que também buscava uma maior representação para o programa. Steiner afirmou que nas assembleias realizadas pelo Pnuma, dos atuais 58 países que participam, o número será estendido para a totalidade dos países membros da ONU. 

“Comprometeram-se também com o aumento no orçamento do Pnuma, que atualmente é minúsculo se comparado a outras agências das Nações Unidas”, disse. O diretor afirmou também que a decisão de elevar ou não o Pnuma para a categoria de agência da ONU – um dos principais desafios esperados da Rio+20, mas que ficou de fora inclusive do texto que iniciou as negociações – será realizada na próxima Assembleia geral da ONU, em setembro deste ano. Steiner comemorou o fato de que as discussões ocorrerão já daqui a alguns meses e “e não teremos dois ou três anos de espera”. “Se você me perguntar se isso vai mudar. Eu respondo que adiante, sim”, insistiu.

Economia verde

Questionado se o forte lobby dos assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável deixaram de fora as questões ambientais, Steiner afirmou que se fosse decidido pela proteção ambiental frente às forças econômicas, se estaria incitando uma “grande batalha”. Ele explicou que se for analisado atentamente o documento final da conferência, o cuidado com o meio ambiente está numa posição central, entretanto, não deixando as questões econômicas às margens. 

“Quem tentar proteger o ambiente contra as forças sociais e econômicas vai ficar parado. Eu concordo que as prioridades não são tão importantes como gostaríamos, mas temos de concordar que o que está acontecendo com o meio ambiente permeia o que está acontecendo com a área econômica”, disse.

A respeito dos acordos feitos em torno da economia verde, o diretor do Pnuma afirmou que o que ficou decidido no Rio de Janeiro terá de ser aplicado e progredido nos próximos anos. Ele afirmou que a economia verde não se baseia em definições teóricas, mas em experiências que já estão sendo implementadas em diferentes países.

“Ainda estamos numa trajetória oposta. Temos de ir a uma direção diferente desta. Essa transição é possível. Mas não dentro de laboratório, e sim, em como isso pode ser aplicado efetivamente”, disse.

Crítica de ONGs

Sobre a crítica de Organizações não-governamentais ao documento final da conferência, Steiner afirmou que elas estão no seu papel de fazer críticas, mas não cabe a ele explicar os motivos. Ele disse também que as ONGs têm de falar por si só e considerar que os Estados que decidem nas negociações são “soberanos”.