Medalha com segundas intenções

Duas semanas depois da assinatura de adesão ao Minha Casa, Minha Vida, Alckmin e Dilma voltam a se encontrar no dia 25 (Foto: Gilberto Marques/Divulgação Governo de SP) A tentativa […]

Duas semanas depois da assinatura de adesão ao Minha Casa, Minha Vida, Alckmin e Dilma voltam a se encontrar no dia 25 (Foto: Gilberto Marques/Divulgação Governo de SP)

A tentativa é de agradar, ao mesmo tempo, petistas e tucanos para uma eventual aliança no futuro. Mas um de cada vez.

Quem se arrisca nessa missão é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). O sinal de afago ambíguo foi a decisão de homenagear, durante as comemorações do 458º aniversário da capital paulista, a presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com a Medalha 25 de janeiro.

No ano passado, a honraria paulistana foi concedida a José de Alencar, vice-presidente de Lula que travava, à época, as últimas batalhas contra o câncer no intestino. Como ele morreu no fim de março, aquela foi uma das derradeiras aparições públicas. Todos os anos, personalidades têm reconhecido ao mérito pessoal e os bons serviços prestados à cidade.

Mas o prefeito presta homenagem de olho em dividendos políticos. Segundo matéria publicada no Correio Braziliense, Kassab também quer tirar uma casquinha do Minha Casa, Minha Vida, vitrine habitacional do governo Dilma. Paulo Simão, empresário e articulador do PSD de Minas Gerais apresenta-se, em eventos internos, como mentor do modelo de crédito empregado desde o segundo mandato do governo Lula. Se foi ou não, nem vem ao caso.

Alckmin até teve seu momento nesse sentido na semana passada, ao aderir, quase quatro anos depois do lançamento do programa. Com isso, o estado teve de entrar com apenas R$ 1 bi dos R$ 8 bi previstos para o Minha Casa, Minha Vida no estado. Mas isso é outra história.

As medalhas serão entregues em um momento em que, segundo a imprensa, o prefeito flerta tanto com o PT como com o PSDB para a formação de uma aliança à sucessão municipal. Na semana passada, Kassab teria oferecido ao ex-presidente Lula a indicação de um vice na chapa de Fernando Haddad, ministro da Educação e pré-candidato petista. A dobradinha entre PT-PSD não agrada a nenhum dos petistas. Como ninguém descobriu o que Lula teria dito a respeito diante da “oferta” de Kassab, não se sabe qual era o contexto.

O aceno político trouxe desconfiança também do lado do PSDB. Alguns líderes avaliaram que se trata de uma estratégia do PSD para pressionar os tucanos por uma definição em torno de uma aliança. Em troca do apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin, em 2014, o prefeito vislumbraria a composição de dobradinha entre PSDB e PSD à prefeitura de São Paulo, aliança que teria como cabeça de chapa o vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD-SP).

Partido de alguém que conseguiu esvaziar partidos da oposição (especialmente DEM e PPS) ao governo federal e até de situação (como o PR e PMDB) para criar um partido novo, as movimentações demandam olho atento.