Humor polêmico de Friedkin provoca reflexão sobre a sociedade

Matthew McConaughey em cena de Killer Joe, que deve repetir aqui a polêmica que causou nos EUA (©reprodução) O filme cujo senso de humor questionável chocou a sociedade norte-americana, Killer […]

Matthew McConaughey em cena de Killer Joe, que deve repetir aqui a polêmica que causou nos EUA (©reprodução)

O filme cujo senso de humor questionável chocou a sociedade norte-americana, Killer Joe, dirigido por William Friedkin, chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (8). Com cenas estupidamente fortes de violência, sexo explícito e até pedofilia, o longa-metragem mostra imagens extremamente cruas e agressivas em meio a outras de um lirismo tocante, em que não há pessoas totalmente boas ou más, mas todas parecem em busca de algo que lhes foi tomado – a harmonia familiar.

Chris Smith (Emile Hirsch) é um garoto que está sendo caçado por dever uma fortuna para os poderosos de uma cidade do meio oeste norte-americano e encontra como única saída encomendar o assassinato da mãe, Adele, a um matador profissional, com a aprovação do pai, o abestalhado Ansel Smith (numa boa atuação de Thomas Haden Church) e a irmã menor e com claras deficiências cognitivas, Dottie (Juno Temple). Completando essa família, extremamente violenta e desajustada, há a madrasta Sharla (Gina Gershon). O tal matador é o também detetive Joe Cooper (o sempre ótimo Matthew McConaughey), que não mede esforços para obter o que deseja, com livre circulação por entre a polícia local, mesmo que seja ter a garota de 12 anos sob sua custódia até ser pago pelo serviço.

O desajuste aqui torna-se ótimo pretexto para se retratar um ambiente em que parece não existir qualquer tipo de moral e mostrar os mais cruéis tipos de violência, com boa dose de sadismo. Sendo assim, se o objetivo de Killer Joe era chocar a sociedade norte-americana, o efeito foi plenamente obtido. Afinal, em vez de estimular a violência – o que, obviamente, já foi várias vezes mencionado contra o filme –, ele provoca a reflexão em torno de personagens que parecem buscar a liberdade, mesmo que passem por cima dos outros.

Desse modo, essa produção é um ótimo pretexto para se refletir a respeito da sociedade não só norte-americana que permite a existência de garotos como Chris e Dottie, que crescem no seio de uma família totalmente desajustada, marcada pela violência e onde impera a total falta de afeto e de princípios morais. Eles, portanto, podem ser considerados os dois anti-heróis do cinema norte-americano, como um dia foram Butch Cassidy e Sundance Kid. E Killer Joe é mais uma importante realização do mesmo diretor de Operação França (1971) e O Exorcista (1973).

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