O protesto dos ricos contra “gente diferenciada” do Morumbi, bairro nobre da zona sul de São Paulo, no último domingo (28), não foi a primeira manifestação do gênero. Em 2009, os moradores do Morumbi protestaram contra o projeto da linha 17-ouro do metrô, que ligaria  Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara (zona sul) e integraria o aeroporto à rede sobre trilhos.

A linha facilitaria o acesso ao bairro, mas em vez de ser uma boa notícia, os moradores acreditavam que o metrô traria degradação para a região.

Os ricos do Morumbi, não gritaram “abaixo o metrô!” nem queimaram pneus: organizaram-se em discreto abaixo-assinado contra o projeto e entraram  com ação no Ministério Público. E conseguiram barrar o direito de ir e vir de gente que mora em Paraisópolis. Os habitantes da comunidade (ou favela para ser mais clara) próxima seriam os principais beneficiados pela nova linha.

A pedido da promotoria, em dezembro, a Justiça barrou o andamento do projeto (consta que a obra continua suspensa). É por ações assim, sem muito alarde, que a elite de São Paulo pressiona o poder público para fazer valer sua vontade. Em geral, as estratégias vão de reuniões de pequenos e influentes grupos à contratação de advogados e consultores.

E parte dos moradores da ala nobre da região não têm muita dúvida de que a culpa para as mazelas da região envolve moradores de Paraisópolis pela violência. Tanto assim que foi criado um grupo no Facebook pedindo uma unidade de polícia pacificadora na favela, nos moldes do que ocorre no Rio de Janeiro.

Será que o problema é o choque cultural? Está na hora das pessoas aprenderem a conviver com as diferenças. Uma pessoa de classe baixa pode trabalhar de faxineira na casa de uma família de classe alta, mas não pode ser sua vizinha?

* Helena Sthephanowitz™ é jornalista e autora do blog Os Amigos do Presidente Lulae do Os Amigos do Brasil. Ela escreve no Na Rede, da Rede Brasil Atual.