O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso continua sendo a cabeça mais lúcida da oposição. Depois de receber homenagem em Santa Catarina, FHC discursou dizendo que “não espera ser lembrado daqui a 100 anos como o criador do Plano Real no Brasil, mas sim como um ‘democrata'”. Claro que FH gostaria de ser lembrado como democrata e também como o pai do Real. Entretanto, não resta dúvida que sua opção é inteligente. Ser considerado um democrata, em um país que, como o Brasil, enfrentou por muitos anos restrições das ditaduras à democracia, parece a escolha correta.

Além disso, se nossos historiadores reconhecerem com justiça, Itamar Franco será considerado o verdadeiro pai do Real. Foi, como presidente da República (1992-1994), que Itamar realizou seu maior feito: lançou o Plano Real, considerado o mais amplo e bem sucedido programa econômico já realizado no país, pondo fim à hiperinflação e estabilizando a economia.

Na verdade, Fernando Henrique foi um auxiliar de Itamar e foi quem mais se beneficiou com o lançamento do Plano Real. Lançado e apoiado por Itamar, elegeu-se presidente numa campanha onde foi apresentado como o criador do Real, nunca fez qualquer gesto para reconhecer o papel do presidente no lançamento do Plano. Somente agora, depois da morte de Itamar, FH dá sinais de reconhecimento, como fez em Santa Catarina: “Se foi possível fazer algo pelo Brasil, não foi por minha exclusiva atuação”, assim mesmo sem mencionar Itamar.

De qualquer forma, se a história for contada de forma correta, inegavelmente FHC será considerado um democrata.