Diário, estou agora no avião, indo para a Rússia. Vou falar com o Putin. Será que ele topa tirar uma foto de nós dois sem camisa, andando a cavalo? Não, pensando bem, é melhor deixar pra lá. A comparação ia ser ruim. Minha barriga tá meio grande. Esse negócio de presidência engorda demais. É muita picanha, frango com farofa e leite condensado.

No tocante à viagem, ela tem vários motivos. É que nem aquelas bonecas russas, que ficam uma dentro da outra.

O primeiro motivo, e o mais importante, é que eu vou ficar num hotel bem chique, que tem quarto que custa mais de R$ 100 mil por dia. E aí vou aproveitar pra pegar todos os xampuzinhos do banheiro. Meu estoque já tava acabando.

O segundo é que eu aproveito pra dar uma de líder mundial, de importantão.

O terceiro é que o Biden não queria que eu fosse. Então eu vou e mostro que ninguém manda em mim (tirando o Trump, talkei?).

O quarto motivo é agradar o pessoal do agronegócio, porque eu disse que fui na Rússia pra falar de fertilizante.

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E o quinto motivo é que, com essa briga com a Ucrânia, não tem como eu sair perdendo. Se tiver mesmo a invasão, eu saio na foto do lado do vencedor, e isso é sempre bom. Se não tiver, digo que eu que conversei com o Putin e fiz ele desistir da guerra.

Eu só estou um pouco preocupado sobre quais assuntos que eu devo conversar com ele. Então liguei prum diplomata nosso que tá lá na Rússia e perguntei:

– Me diz aí: sobre o quê que eu falo com o Putin?

– Ele gosta muito de Tolstói. O senhor conhece?

– Claro que conheço, pô! Tá pensando que eu sou ignorante? Tolstói é aquele desenho animado com o Buzz e o Woody, o astronauta e o caubói.

O diplomata ficou um tempão em silêncio (acho que a ligação estava meio ruim) e depois falou:

– Esse mesmo, presidente. Tenho certeza que o Putin vai achar muito divertido conversar com o senhor.

#diariodobolso

PS: A ilustra é de Ivo Minkovicius.