Vazamento que eu mais odeio é o de áudio. E ontem vazou um do ministro Milton Ribeiro
“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”
Publicado 22/03/2022 - 08h34
Diário, eu odeio vazamento. Todo tipo de vazamento. Vazamento de esgoto, de gás (esse às vezes escapa, não tem jeito), vazamento de dados etc. Mas o vazamento que eu mais odeio é o de áudio, porque aí não dá pra gente dizer que não disse o que disse.
E ontem vazou um áudio do Milton Ribeiro, ministro da Educação, em que ele diz: “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.
Ou seja, ficou na cara que o pastor Gilmar manda e desmanda no dinheiro do MEC. Aquela conversa de “critério técnico” é pra boi dormir. Ou ovelha, no caso, porque o Gilmar é pastor.
Ele e o parça dele, o pastor Arílton Moura, são da “Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos”. E não entendem lhufas de educação. Mas conseguem liberar um monte de verba pra um monte de gente.
Uma reportagem que saiu no Estadão, aquele jornal comunista de direita, mostrou que a dupla de dois esteve em pelo menos 22 eventos oficiais do MEC nos últimos 15 meses. Mas eles não são funcionários nem nada. Só intermediários mesmo.
Mesmo assim, o Arílton, por exemplo, foi com o Milton Ribeiro pra Alcântara (MA), num avião da FAB, e a cidade ganhou o empenho de cinco obras (R$ 27,4 milhões). É o que eu chamo de eficiência divina!
O Gilmar e o Arílton trabalham principalmente com prefeitos do Progressistas, do PL e do Republicanos. Eles recebem os caras em Brasília, num lugar chique, tipo o hotel Grand Bittar ou o restaurante Tia Zélia, ou às vezes no próprio gabinete do Milton Ribeiro.
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O treco dá resultado. Por exemplo, a cidade de Anajatuba (MA), que tem só 27 mil habitantes, teve seis obras empenhadas. E a prefeitura ainda nem comprou os terrenos.
Uns especialistas em Direito Público disseram que veem indícios de tráfico de influência nesse negócio aí. Mas, pô!, o que os pastores fazem é justamente tráfico de influência: o fiel dá um dinheiro pro pastor e o pastor bota o pedido dele em primeiro lugar na lista das tarefas de Deus.
E, se um pastor faz esse serviço pra Deus, não vai fazer pro Milton Ribeiro? Claro que vai!