Diário do Bolso

Vazamento que eu mais odeio é o de áudio. E ontem vazou um do ministro Milton Ribeiro

“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”

Reprodução Redes Sociais
Reprodução Redes Sociais

Diário, eu odeio vazamento. Todo tipo de vazamento. Vazamento de esgoto, de gás (esse às vezes escapa, não tem jeito), vazamento de dados etc. Mas o vazamento que eu mais odeio é o de áudio, porque aí não dá pra gente dizer que não disse o que disse.

E ontem vazou um áudio do Milton Ribeiro, ministro da Educação, em que ele diz: “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.

Ou seja, ficou na cara que o pastor Gilmar manda e desmanda no dinheiro do MEC. Aquela conversa de “critério técnico” é pra boi dormir. Ou ovelha, no caso, porque o Gilmar é pastor.

Ele e o parça dele, o pastor Arílton Moura, são da “Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos”. E não entendem lhufas de educação. Mas conseguem liberar um monte de verba pra um monte de gente.

Uma reportagem que saiu no Estadão, aquele jornal comunista de direita, mostrou que a dupla de dois esteve em pelo menos 22 eventos oficiais do MEC nos últimos 15 meses. Mas eles não são funcionários nem nada. Só intermediários mesmo.

Mesmo assim, o Arílton, por exemplo, foi com o Milton Ribeiro pra Alcântara (MA), num avião da FAB, e a cidade ganhou o empenho de cinco obras (R$ 27,4 milhões). É o que eu chamo de eficiência divina!

O Gilmar e o Arílton trabalham principalmente com prefeitos do Progressistas, do PL e do Republicanos. Eles recebem os caras em Brasília, num lugar chique, tipo o hotel Grand Bittar ou o restaurante Tia Zélia, ou às vezes no próprio gabinete do Milton Ribeiro.

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O treco dá resultado. Por exemplo, a cidade de Anajatuba (MA), que tem só 27 mil habitantes, teve seis obras empenhadas. E a prefeitura ainda nem comprou os terrenos.

Uns especialistas em Direito Público disseram que veem indícios de tráfico de influência nesse negócio aí. Mas, pô!, o que os pastores fazem é justamente tráfico de influência: o fiel dá um dinheiro pro pastor e o pastor bota o pedido dele em primeiro lugar na lista das tarefas de Deus.

E, se um pastor faz esse serviço pra Deus, não vai fazer pro Milton Ribeiro? Claro que vai!

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