Diário, se eu fosse índio, eu não ia falar “mim quer apito”. Eu ia falar “mim quer medalha”. Adoro ganhar uma comendinha!

Por causa desse meu lado Muttley (“Medalha, medalha, medalha!”), o ministro da Injustiça Anderson Torres me outorgou a Medalha do Mérito Indigenista.

Mérito Indigenista, kkk!

O Anderson é muito sarrudo!

Imagine, dar a Medalha do Mérito Indigenista logo pra mim, que disse: “A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país”.

Na verdade, o Anderson deu essa Comenda pra meio mundo. Até pra ele mesmo. O Braga Netto ganhou, a Damares, a Tereza Cristina, o Augusto Heleno, o João Roma, o Tarcísio (candidatos têm que ganhar bastante medalha daqui pra frente), o Queiroga… Foi todo mundo medalhado.

O engraçado é que o Sydney Possuelo, um indigenista, devolveu a medalha que ele ganhou no passado só porque eu recebi uma igual.

O cara escreveu assim pro Anderson:

“Entendo, senhor Ministro, que a concessão do Mérito Indigenista ao senhor Jair Bolsonaro é um flagrante, descomunal, ostensiva contradição em relação a tudo que vivi e a todas as convicções cultivadas por homens da estatura dos irmãos Villas Boas. Por essas razões, senhor Ministro, devolvo ao governo brasileiro, por seu intermédio, a honraria que, no meu juízo de valor, perdeu toda a razão pela qual, em 1972, foi criada pelo presidente da República. Acompanha a presente mensagem, o estojo contendo Medalha do Mérito Indigenista, Pin, Broche e cópia do diploma.”

Pô, que cara ressentido! Agora Medalha de Mérito é só pra quem tem mérito? Isso é preconceito, pô!

Me dá vontade de tirar o escalpo de um cara assim! Olha aí, Diário, falei em tirar o escalpo! Viu como eu entendo de índio?

#diariodobolso