Diário do Bolso

Bolsolão do Asfalto: ‘Tão roubando, mas e daí? Toca o barco, pô!’

Diário, não tem um dia que me deixem em paz! Hoje, por exemplo, a manchete foi o Bolsolão do Asfalto

Via @DiáriodoBolso
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Diário, não tem um dia, não tem um único dia que me deixem em paz! Por que os outros têm que ir atrás das coisas que a gente fez? Que sede de fofoca é essa, pô?! Hoje, por exemplo, a manchete foi o Bolsolão do Asfalto. 

Uns desgranhentos lá do TCU descobriram que a Engefort, uma empresa do Maranhão, ganhou um monte de licitações da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). 

A Engefort, combinada com a Codevasf, usou aquelas táticas de sempre: rodízio entre empresas, propostas de fachada etc. E a fraude rendeu mais ou menos um bilhão de reais.

Da parte do governo, teve um grande aumento de dinheiro pra Codevasf. Em 2018 foram 85 milhões. Esse ano: 2,553 bilhões. Ou seja, em quatro anos a gente multiplicou a bufunfa deles por trinta. 

E, nas 50 licitações que a Engefort ganhou no ano passado, o desconto médio (o tanto que a empresa cobra a menos em relação ao preço máximo da licitação), foi de 1%. Geralmente é de uns 25%. Adivinha o que acontece com a diferença?

A Codevasf está dentro do Ministério do Desenvolvimento Regional, que, na maior parte do tempo desses trambiques, foi dirigido pelo Rogério Marinho, meu coordenador de campanha no Rio Grande do Norte. 

Por sorte, o ministro relator do caso no TCU é o Jorge Oliveira, que eu mesmo coloquei lá. O Jorge é um ex-pm que fez curso de direito, virou assessor jurídico do meu gabinete e foi chefe de gabinete do Dudu.

Pessoa de total confiança. Da minha confiança, é claro. 

Pois bem, o parecer do Jorginho sobre o caso disse que “Existem indícios da existência de conluio, mas não tenho a convicção de que esses elementos serão suficientes para demonstrar a existência de fraude em todos os certames listados e, menos ainda, da necessidade de paralisação ou mesmo anulação dos contratos”. 

Ou seja, “tão roubando, mas e daí? Toca o barco, pô!” 

Se dependesse só do TCU, eu tava tranquilo, porque daí o assunto ia pro arquivo e pronto. 

Mas, saindo na imprensa vermelha, fica complicado. Pode prejudicar minha reeleição. E, se eu não for reeleito, vão investigar o treco todo. 

Ah, Diário, eu não posso perder essa eleição, não posso.

Torero

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