Diário do Bolso

Fui de novo na ONU, Diário. E hoje eu me superei

Foram tantos grandes momentos no meu discurso que não sei qual foi melhor. Mas o importante mesmo é que eu falei do que realmente importa: eu mesmo kkk

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
Preservação ambiental? Recuperação econômica? Mundo pós-pandemia? Eu e meus seguidores só queremos saber é de mim mesmo!

Ah, Diário, que maravilha estar novamente entre os novaiorquines! Mesmo que tenha que entrar pela porta dos fundos do hotel e comer pizza em pé na rua, porque nenhum restaurante aceita desvacinados que nem eu.

Se bem que ontem o pessoal do Fogo de Chão aqui de Noviorque fez um puxadinho pra mim e eu comi uma picanha a Ricardo Salles, ou seja, bem passada, kkk!

Nos outros anos o meu discurso foi um sucesso. Em 2019 eu falei mais de meia hora, meu recorde! E em 2020 disse que a floresta amazônica é úmida e só pega fogo nas bordas, que os responsáveis pelas queimadas eram os índios e os caboclos, e que o óleo derramado no litoral brasileiro era um crime venezuelano.

Só usei informações muito sólidas, baseadas em mensagens que recebi do meu grupo de zap-zap, o “É verdade esse bilhete”.

Mas este ano fui melhor ainda. Me superei-me!

Comecei dizendo que a imprensa mente sobre o Brasil, depois falei que não tem nenhum caso de corrupção no meu governo (ainda bem que ninguém perguntou “E a Covaxin?”), que antes de mim o país estava à beira do socialismo (esse Temer não me engana…), que somos um exemplo para o mundo no tocante à preservação ambiental (nessa hora até deu vontade de rir), que vamos crescer 5% em 2021 (todo ano o Paulo Guedes diz isso, kkk!), que fiz tratamento precoce contra covid e que a história vai punir os países que não fizeram.

Enfim, fiz uma propagandona de mim e da cloroquina.

Eu sei que os outros líderes vão falar de preservação ambiental e recuperação econômica. Mas, se eu posso falar de mim, porque vou falar do mundo? Meus fãs querem me ouvir falando de mim mesmo. Tanto que nos noticiários da Record vou aparecer como um grande estadista. Abaixo o globalismo e o globolismo!

Bom, por hoje chega, Diário. Já trabalhei a manhã toda. Preciso dar uma espairecida. Aliás, quando estava chegando de avião, vi que tem uma estátua da Havan aqui. Vou lá fazer umas compras.

Bai, bai.

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Torero