Philippe Garrel dirige Monica Bellucci em filme sobre a amizade

Cena de Um Verão Escaldante, que estreia no país (©Divulgação) O novo filme do cineasta francês Philippe Garrel, “Um Verão Escaldante”, chega aos cinemas na próxima sexta-feira, 1º de junho, […]

Cena de Um Verão Escaldante, que estreia no país (©Divulgação)

O novo filme do cineasta francês Philippe Garrel, “Um Verão Escaldante”, chega aos cinemas na próxima sexta-feira, 1º de junho, cercado por polêmicas, desde que foi acusado de ser um plágio do clássico “O Desprezo”, de Jean-Luc Godard. Mesmo assim, ele foi selecionado e recebeu três indicações para o Festival de Veneza, onde Garrel ganhou dois Leões de Prata, por “J’entends Plus La Guitarre”, de 1992, e “Amantes Constantes”, de 2005.

O melhor de “Um Verão Escaldante” provavelmente encontra-se nas duas primeiras imagens. A atriz Monica Bellucci, que interpreta a atriz Angèle, está deitada nua numa cama e faz sinais em direção a câmera, convidando a espécie de “eu lírico” para se deitar com ela. O artista plástico Frédéric encontra-se no interior de um carro dirigindo a toda velocidade até bater. Numa sequência, em que a construção do som (“sound design”) é impecável, uma vez que privilegia apenas os detalhes dos ruídos ambientes.

Após essa espécie de preâmbulo, a narrativa se desenvolve a partir do encontro do ator Paul (Jérôme Robart) com Fréderic e a forte amizade desenvolvida entre eles, e a relação de ambos com as mulheres – Fréderic com Angèle e Paul com Elisabeth (Céline Sallette), a qual conhece durante as realizações de um filme e com quem vai passar férias em Roma, na casa justamente de Fréderic. A relação entre os amigos é tão intensa a ponto de os dois enfrentarem crises amorosas simultaneamente.

Desse modo, “Um Verão Escaldante”, com seu ritmo mais pausado, entremeado de muitos momentos marcados pela ausência de fala e música, e planos abertos, realiza uma espécie de tratado a respeito da amizade, do ciúme e também da dependência amorosa, a tal ponto de a ausência da pessoa amada poder levar a consequências inesperadas. E se vale das artes, e de seus bastidores, para aprofundar algumas discussões em torno da vida.

O filme confirma o imenso talento e domínio técnico de Philippe Garrel, que sofreu forte influência da Nouvelle Vague francesa, mas não deixa de aprimorar aqui um ponto de vista bastante pessoal e autoral. A trilha musical, com algumas canções mais pop, é mais uma qualidade do filme, assim como a valorização da beleza e sensualidade de Monica Bellucci, numa sequência de tirar o fôlego em que dança com um rapaz.

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