Estadão revolta-se com a iluminação dos ‘postes’ de Lula

“De poste em poste nós iluminamos o Brasil.” A frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usada nos discursos de sábado provocou risos e alegria pela criatividade da resposta […]

“De poste em poste nós iluminamos o Brasil.” A frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usada nos discursos de sábado provocou risos e alegria pela criatividade da resposta aos críticos da sua proposta de apresentar candidatos novos, desde Dilma Rousseff até Marcio Pochmann, passando por Fernando Haddad. Os tucanos em São Paulo ironizaram Haddad por ser um “poste”, que precisa do padrinho Lula para se movimentar. Mas os votos colocaram o novato no segundo turno, acirrando disputas até então difíceis. 

Na edição de hoje (23), o jornal O Estado de S. Paulo, em editorial, analisa o discurso de Lula e, com o título “o levantador de postes”, apela para o mais completo preconceito contra o ex-presidente e contra os novatos. Começa chamando Dilma de neófita, como se a presidenta fosse uma cristã nova, e não a mulher que enfrentou a ditadura. Diz que Pochmann atrelou as atividades do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea), que presidiu nos últimos anos, aos interesses do governo, como se isso fosse digno de acusação. Mas claro, para o jornal. o Ipea deveria estar atrelado aos interesses privados.

Chama também o ministro da Saúde de apparatchick, um jocoso termo da língua russa que significa “funcionário medíocre”, sem idéias, que só cumpre ordens – tentativa de inflar um factóide de que Lula estaria lançando Alexandre Padilha para o governo do estado nas eleições de 2014. 

Para completar, o Estadão passa para a intriga ao afirmar que essa candidatura estaria em conflito com os ministros Marta Suplicy, da Cultura, e Aloizio Mercandante, da Educação. Mas, não satisfeito, diz que tudo isso é uma manobra de Lula para ele próprio ser candidato ao governo paulista. Políticos próximos ao ex-presidente afirmam que Lula diz que não se candidatará a mais nenhum cargo executivo. 

A expressão “eleger um poste” tem significado diferente do que as velhas raposas da política utilizam para atacar os novos candidatos. Eleger um poste, um cone ou o guardinha da esquina tem sentido positivo no linguajar popular, significa que o apoiador tem tanta representatividade que elege o que lançar. Mas, pouco importa o embate linguístico, o que está sendo disputado é a renovação dos quadros políticos brasileiro. E a velha e aristocrática república tão bem representada no editorial do Estadão revolta-se contra as novas luzes.