A ‘ingratidão’ de FHC ao mentor da emenda da reeleição, ex-chefão de Furnas

FHC demonstrou ingratidão ao ignorar a morte, aos 80 anos, de Luiz Carlos Santos, seu ex-ministro de articulação política durante a emenda da reeleição, quando deputados que, comprovadamente, venderam seus […]

FHC demonstrou ingratidão ao ignorar a morte, aos 80 anos, de Luiz Carlos Santos, seu ex-ministro de articulação política durante a emenda da reeleição, quando deputados que, comprovadamente, venderam seus votos por R$ 200 mil na época.

FHC elogiava Santos afirmando que ele era tão “esperto” que dava nó em fumaça. Antes disso, Luiz Carlos Santos era ligado ao grupo do ex-governador Orestes Quércia, adversário dos tucanos em São Paulo. FHC “importou” Santos justamente para aplicar seus métodos na época da emenda da reeleição.

Oficialmente, o ex ministro de FHC tratava com os parlamentares cargos no governo, liberação de emendas e verbas do interesse de cada parlamentar, outras demandas e favores e, extraoficialmente, sabe-se lá o que mais .

Aprovada a reeleição, FHC combinou com Santos para ingressar no PFL (ele era do PMDB), e ser vice de Paulo Maluf na eleição para governador, em 1998. O objetivo do tucano era ter dois palanques de apoio em São Paulo, para se reeleger presidente naquele ano: teve o de Mario Covas e o de Maluf.

Venceu Covas, mas Luiz Carlos Santos não ficou no sereno. Em seguida, foi nomeado presidente da estatal Furnas, onde ficou até 2002, quando afastou-se para candidatar-se a deputado federal. Deste período vem as denúncias da famosa lista de Furnas, um esquema de caixa 2 montado para desviar dinheiro público daquela estatal junto a seus fornecedores, segundo denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Os esquemas de financiamento de campanha tucanas em 2002 não foram suficientes para eleger José Serra presidente, mas levou ao poder governadores do partido, como Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP), por exemplo.

Não vamos aplicar aqui a deturpação da teoria do domínio do fato, usada pelo STF para condenar dirigentes do PT no chamado caso do mensalão, para acusar Santos só por ele estar na chefia da estatal, mas o fato irrefutável é que, no mínimo, o esquema funcionou sem encontrar obstáculos na sua gestão.