O procurador

Janot, enfim, nem disfarçou muito

Aécio, Cunha, Lula... Em poucas horas, o procurador-geral da República dá a medida de sua parcialidade. É como se o jogo do poder econômico contra a democracia e a república estivesse nos 45' do segundo tempo

Roberto Stuckert Filho/PR

Janot, o fundo do coração

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não disfarçou. Em um dia, segunda-feira (2), levou às manchetes os nomes de Aécio Neves e de integrantes da cúpula do PMDB que passariam à condição de investigados a pedido da PGR – Cunha, Romero Jucá, Renan Calheiros etc. etc. etc… tanto faz, não serão. Hoje (3) falou grosso com Eduardo Cunha, como se acabasse de saber que sua reputação não é das mais abonadoras. No fim do dia, declamou a frase consagradora de suas boas intenções: “Vou denunciar Lula”.

A exemplo de Joaquim Barbosa (cadê ele?), poucos anos atrás, o elemento mais contundente a sustentar sua convicção não é uma prova cabal, mas uma “intuição”, na melhor das hipóteses: “Não dava para Lula não saber…” A frase é a preferida de 11 entre 10 usuários de camisas da ilibada CBF que foram às ruas nos últimos tempos pelo fim do governo – a justificar esse ódio apenas o egoísmo, do mundo do cada um por si, e o comodismo, a rebater os sermões dos que avisam mundo não tem futuro.

Nunca antes na história deste país autoridades que não precisam de voto nem de controle social para existir valorizaram tanto o gesto estratégico de jogar para essa turba. A ditadura contemporânea joga suas fichas para manter o mundo como está – embora fingir que a democracia e as instituições republicanas funcionam já seja lá uma forma de temê-las.

Resta saber quantos elementos no STF estão com sua honra ou sua consciência comprometida – ou ameaçada – a ponto de permitir que essa escalada grotesca de autoritarismo prevaleça. Não se sabe o quanto a ciência e o Estado de direito, ou a chantagem, movem os votos ali.

O Instituto Lula respondeu ao noticiário. Leia a seguir

A peça apresentada pelo Procurador-Geral da República indica apenas suposições e hipóteses sem qualquer valor de prova. Trata-se de uma antecipação de juízo, ofensiva e inaceitável, com base unicamente na palavra de um criminoso.

O ex-presidente Lula não participou nem direta nem indiretamente de qualquer dos fatos investigados na Operação Lavajato.

Nos últimos anos, Lula é alvo de verdadeira devassa. Suas atividades, palestras, viagens, contas bancarias, absolutamente tudo foi investigado, e nada foi encontrado de ilegal ou irregular.

Lula sempre colaborou com as autoridades no esclarecimento da verdade, inclusive prestando esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República.

O ex-presidente Lula não deve e não teme investigações.

Assessoria de Imprensa do Instituto Lula