SP sem água

Vannuchi faz apelo a governos, sociedade e mídia para o enfrentamento da crise

Comentarista repercute alerta da Rede Nossa São Paulo. 'Tragédia terá cruéis impactos na sociedade, e sobre os mais podres em particular. É hora de a mídia abandonar seu alinhamento partidário'

Edson Lopes Jr/A2AD

Falta d’água deve afetar empresas, escolas e hospitais e impõe desafio urgente

São Paulo – O analista político Paulo Vannuchi, em comentário nesta quarta-feira (28) à Rádio Brasil Atual, repercute o manifesto publicado por Oded Grajew, da Rede Nossa São Paulo, intitulado ‘Alarme‘, que prevê “uma catástrofe social, econômica e ambiental sem precedentes”, por conta da dramática crise de falta d’água que assola o estado.

“O alerta que a Rede Nossa São Paulo faz é no sentido de que o enfrentamento dessa tragédia tem que ser feito agora, rompendo com esse clima de paralisia”, alerta Vannuchi.

O documento aponta que, mantidos os baixos níveis de chuvas e retiradas, o reservatório Cantareira, responsável pela maior parte do abastecimento da região metropolitana de São Paulo, pode secar por completo em 60 dias.

“Escolas terão que suspender aulas. Micro e pequenas empresas terão de ser fechadas, com impacto brutal no PIB, na produção, no emprego, medidas que desorganizam o dia a dia do trabalhador e suas famílias, com impacto inclusive para a saúde da população, caso os hospitais sofram também com a falta d’água”, destacou.

Para Vannuchi, a grande imprensa teve “comportamento omisso” diante da gravidade da crise, por conta da disputa eleitoral do ano passado, buscando favorecer a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Atualmente, a mídia tenta equiparar a crise hídrica a uma anunciada crise no sistema elétrico.

“As duas crises não são comparáveis porque, no sistema elétrico nacional, está em andamento final e começam a entrar em operação gigantescas novas hidrelétricas”, disse, em menção às obras de Jirau e Belo Monte, na região amazônica.

Vannuchi disse que os investimentos do estado de São Paulo para resolver a questão não estão nem sequer iniciados e serão operações de cinco anos para serem concluídas”, lembrando que também é incumbência do estado de São Paulo, por meio das empresas do sistema elétrico, investir na produção de energia.

O analista faz um apelo para que todas as esferas de governo, federal, estadual e municipal, se unam “para evitar a confirmação dessa tragédia que terá cruéis impactos na vida da sociedade e, particularmente, sobre os mais pobres”. Ele sugere que a mídia abandone o alinhamento partidário e cumpra seu papel de pressionar autoridades e alertar a população sobre as consequências da crise. “A confirmação dessa tragédia vai ter cruéis impactos na vida da sociedade como um todo, e sobre os mais podres em particular. A paralisia de hospitais pode representar perda de vidas. A paralisia de escolas inferniza, desequilibra os ambientes domésticos, crianças ficam expostas ao risco. Chega. A eleição de 2014 já passou.”

Ouça o comentário na Rádio Brasil Atual