Rio Tietê completamente tratado ainda é realidade distante

Reportagem especial da TVT mostra obstáculos que rio enfrenta para que seja, novamente, limpo

São Paulo – Os 1.100 km de extensão do rio Tietê, que cortam praticamente todo o estado de São Paulo, ainda estão longe de serem águas totalmente tratadas. Desde a década de 1970, o rio recebe o esgoto da região metropolitana de São Paulo. Como mostra a terceira reportagem da série “Água, pior que está pode ficar?”, da TVT, as cinco estações de tratamento das água do Tietê têm baixa capacidade diante dos milhares de litros de esgoto recebidos por segundo.

“Os córregos e rios de São Paulo na verdade não são rios, porque eles são canais de esgoto a céu aberto. O Tietê recebe 50 metros cúbicos por segundo de esgoto sem tratamento”, conta o ex-presidente do Comitê da Bacia do Alto Tietê, Júlio César Cerqueira Neto.

Na década de 1960 o esgoto começou a transformar o Tietê, quando as marginais foram construídas beirando o rio e afastaram a população do canal. “A partir de 1973 foi criada a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp, justamente para mudar este sistema de abastecimento de água e esgoto. Só que as estações de tratamento de esgoto não foram lembradas, a Sabesp foi jogando esgoto nos córregos mais próximos. Isso ocorre até hoje”, afirma Cerqueira Neto.

Em 1990 a Rádio Eldorado inciou uma campanha pela despoluição do rio. Um abaixo-assinado recolheu mais de 1,5 milhão de assinaturas. “Então não foi o governo que resolveu tratar os esgotos. A população, de certa forma, fez isso. Daí nasceu o Projeto Tietê”

Mais de US$ 2,5 bilhões foram investidos no Projeto Tietê, um dos maiores programas de saneamento ambiental do Brasil. O objetivo é coletar e tratar o esgoto de 18 milhões de pessoas. Desde 1992, o governo do estado construiu cinco estações de tratamento.

De acordo com dados do governo, 84% do esgoto de São Paulo é recolhido e 70% é tratado. A meta para 2015 é tratar 84% do esgoto. Cerqueira Neto contesta estas informações. Segundo ele, a região metropolitana de São Paulo produz cerca de 50 mil litros de esgoto por segundo. As estações só tem capacidade para tratar 18 mil litros por segundo.

Este ano o governo anunciou novos investimentos no projeto Tietê. A Sabesp afirma que até 2020 haverá a universalização do saneamento e o fim do mau cheiro das águas. Em 2010 o rio liderou o ranking de rio mais poluído do Brasil, segundo os indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

Assista aqui a reportagem da TVT.