Para Marina Silva, economia deve combinar preservação e equidade

Em conferência sobre sustentabilidade, expositoras defenderam outro modelo de desenvolvimento. “Teremos de ser felizes com outro padrão de consumo”, diz Tânia Bacelar

Baixa escolaridade e concentração fundiária são fragilidades à construção de outro modelo de desenvolvimento no Brasil, segundo Tânia Bacelar (Foto: Dino Santos/Divulgação CUT)

A crise financeira que o mundo vive desde setembro é apenas a ponta do iceberg de uma a crise civilizatória. A opinião é da senadora Marina Silva (PT-AC), que participou nesta quarta-feira (5) da conferência “Desenvolvimento, Soberania e Democracia – perspectivas para a sustentabilidade”, no 10º Congresso Nacional da CUT (Concut).

Segundo Marina, as consequências de uma crise econômica são de fácil entendimento para a sociedade, pois podem afetar de forma imediata o emprego e a renda. “Mas há uma crise muito mais grave, que é ambiental, que as pessoas não relacionam com suas vidas, mas é parte integrante dos problemas que a humanidade tem de resolver”, afirmou.

“Por isso, a crise ambiental e climática é a crise de todas as crises. O aumento em dois graus na temperatura no Brasil pode significar o fim de 40% da Amazônia e comprometer os recursos hídricos”, exemplificou Marina.

Outra expositora, a professora Tânia Bacelar, avalia que o revés financeiro mundial deixou claro que não é mais possível defender o crescimento econômico a qualquer custo social e ambiental. Para ela, as mudanças climáticas colocam em evidência vários paradigmas. “Hoje fica evidente que o padrão de consumo atual é inviável. Teremos de ser felizes com outro padrão de consumo, com outro padrão energético, o renovável”, afirmou Tânia.

Para a professora, o mundo vive atualmente um momento de transição. “O debate está entre a soberania total do mercado e o papel do Estado”, pondera. O Brasil pode estar à frente desse novo modelo, pelas mudanças estruturais que tem promovido em seu desenvolvimento econômico e social, apesar de ainda viver fragilidades, como baixa escolaridade, gargalos de infraestrutura, concentração fundiária, entre outros. “O Brasil sairá desta crise em melhor condição do que outros países, porque já havia construído as bases de seu desenvolvimento antes”, opinou Tânia Bacelar

Sustentabilidade

O desenvolvimento sustentável é o único modelo capaz de atender as necessidades do presente, sem comprometer o futuro, segundo Marina Silva. “É preciso uma mudança estrutural: a economia terá de integrar a preservação e o desenvolvimento na mesma equação”, resumiu. “Um modelo econômico, para ser sustentável, deve produzir sem comprometer os ecossistemas; produzir para atender com equidade a população; respeitar a diferenças regionais e culturais; e unir o conhecimento científico com o saber narrativo das populações”, defendeu.

Marina enfatizou também que, nos vários aspectos da sustentabilidade, dois deles são fundamentais: a sustentabilidade política e a ética. “A sustentabilidade política é o acordo necessário de todas as camadas sociais para que as mudanças sejam feitas. A ética é fundamental para resolver problemas como a fome, o analfabetismo, as mudanças climáticas. Por isso, é preciso colocar a técnica a serviço da ética para que a transformação seja feita”, destacou. “Todas as dimensões têm de ser compatibilizadas para o desenvolvimento com preservação e a preservação com desenvolvimento”, completou.

Candidatura

Pela manhã, a senadora do PT confirmou o convite feito pela direção nacional do PV para que ela concorra à Presidência da República em 2010. Marina Silva declarou ainda que precisa de tempo para avaliar o convite, independentemente do contexto eleitoral.

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