Obras da usina hidrelétrica de Belo Monte são retomadas

STF decidiu pela liberação das obras da usina, suspensas pelo TRF por não ter havido audiências públicas com as comunidades afetadas

Protesto de índios do Xingu já havia paralisado as obras de Belo Monte neste ano (Foto: Sérgio Lima/Folhapress)

São Paulo – As obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, na bacia do rio Xingu, no Pará, foram retomadas hoje (28), depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou as atividades de construção, em liminar concedida na noite de ontem. O pedido de liminar foi feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), que solicitava a retomada imediata das obras.

No último dia 14, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) votou pela suspensão imediata das obras de Belo Monte por descumprimento à determinação da Constituição Federal que obriga audiências públicas com as comunidades afetadas antes da autorização das obras pelo Congresso Nacional. Também ontem a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao STF um parecer pedindo que se mantenha a suspensão das obras.

Segundo o Consórcio Construtor Belo Monte, que coordena as obras civis, 90% dos 13 mil trabalhadores retomaram as atividades nesta manhã. 

Com a autorização para retomar as obras, a Norte Energia aguarda as permissões do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) para realizar escavações no canteiro Sítio Pimental em tempo de não perder o período seco na região.

“Nesta época em que não chove lá, um dia parado é uma perda enorme. Temos de correr para tirar o atraso”, disse o diretor de Construção da Norte Energia, Antônio Kelson Filho. Ele acrescentou que o cronograma das obras está mantido, com previsão de entrada em operação da usina em fevereiro de 2015.

“Não teve nenhum impacto no cronograma, não”, disse ele, ao afirmar que a empresa teve uma despesa de R$ 12 milhões por dia de obra parada. Esse valor refere-se aos custos para manter os trabalhadores, remoção e realocação de equipamentos, entre outros.

A usina vai gerar 11,2 mil megawatts (MW). A obra é alvo de protestos de indígenas, grupos sócio-ambientais e Ministério Público, diante dos impactos que causará na região, e já foi paralisada por greves e manifestações dos índios neste ano.

O procurador da República, Ubiratan Cazetta, que atua na região, lamenta “a insistência do governo brasileiro em priorizar um pensamento único e centralizador na questão da matriz energética” brasileira, optando pelas hidrelétricas. “Os impactos ambientais e os cumulativos de um modelo de mudanças climáticas estão sendo desprezados”, ressaltou Cazetta.

Com informações da Reuters e do Supremo Tribunal Federal