rio de janeiro

Moradores buscam alternativa para ter água e secretaria combate captação ilegal

Técnicos do governo estadual lacram poços artesianos irregulares na região do parque da Pedra Branca; em comunidade no Recreio, moradores só conseguem obter água de bica durante a madrugada

Tânia Rêgo/ Agência Brasil

Técnicos da Secretaria do Ambiente realizam inspeção em poços artesianos em situação irregular: qualidade incerta

Rio de Janeiro – A Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro fez hoje (15) uma operação contra a captação ilegal de água em poços artesianos e a venda do produto em caminhões-pipa, na zona oeste da cidade. De acordo com a secretaria, com problemas no abastecimento de água encanada na região, a procura por caminhões-pipa cresceu. O coordenador de Combate a Crimes Ambientais da Secretaria, José Maurício Padrone, disse que para captar água do lençol freático é necessária uma outorga do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Antes de autorizar a venda dessa água, o Inea faz uma análise para saber se ela é própria para o uso humano.

O morador do bairro do Recreio Fernando Versari disse que sofre com a falta de água encanada há pelo menos três meses. “Tem dias que chega água, mas sem força, na minha cisterna. Tem dias que não chega nada. A sorte é que tenho um poço artesiano na minha casa. E, para beber, temos que comprar água mineral”, disse.

Na operação desta quinta-feira, três pontos de captação ilegal de água nos arredores do Parque Estadual da Pedra Branca foram encontrados e lacrados pela secretaria. “Nós estamos sofrendo atualmente com a questão da água e esses caminhões são vendidos sem o menor controle do estado. Não sabemos se essa água é contaminada. A pessoa que compra para sua casa ou condomínio não tem a mínima ideia da procedência dessa água”, afirmou Padrone.

Na Comunidade do Terreirão, também no Recreio, moradores dizem que o abastecimento de água só é feito de madrugada. Mesmo assim, segundo a fisioterapeuta Valéria de Mattos, a água nem sequer tem pressão para chegar às casas. Por isso, as pessoas fazem fila para buscar água em uma bica, ao lado de um valão. “Eles abrem a água à 1h da manhã e tenho que ficar a madrugada toda esperando aqui para encher um balde. A fila é imensa. Às 7h, já não tem mais água. Hoje, por exemplo, tomei água de balde. Tem gente tentando fazer poços artesianos, mas é muito caro, cerca de R$ 3 mil”, disse Valéria.

No valão perto da bica, todas as noites costumam ficar vários jacarés já que os moradores têm costume de alimentá-los nesse horário. “Teve uma vez que um jacaré foi em cima de um cano próximo de onde estava uma criança”, disse Valéria. Jorge Pereira de Almeida, outro morador do Terreirão, disse que também recorre à bica, mas ressalta que os jacarés não causam problema. “Eu tenho um poço em casa, mas, de vez em quando, tenho que pegar água ali”.

O secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, disse que a estiagem que atinge o país piora a situação do abastecimento de água. Ele informou que deve se reunir com a direção da Companhia Estadual de Abastecimento de Água (Cedae) para discutir uma revisão tarifária que beneficie quem economizar água e puna quem gastar demais.

Em nota, a Cedae informou que a falta d’água não afeta toda a região e que os casos que acontecem são pontuais. No entanto, acrescenta a nota, a Cedae tem um conjunto de obras na região, no valor de R$ 200 milhões, para ampliar o abastecimento da Barra, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá, Vargem Grande e Vargem Pequena, todos na zona oeste.