Ministro apresenta dados preliminares de inventário brasileiro de emissões

Embora o prazo para apresentação se encerre em 31 de março de 2011, a divulgação foi antecipada por causa da proximidade da 15ª Conferência das Partes (COP-15) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

Segundo Rezende, dados do inventário foram coletados até este mês e resultados finais saem em janeiro (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

De 1990 a 2005, as emissões de gases de efeito estufa em dióxido de carbono equivalente (CO2eq) no Brasil aumentaram em alguns setores e diminuíram em outros. No de energia, subiram de 15,8% para 16,4%. Nos processos industriais, caíram de 2,0% para 1,7%. Na agricultura, houve redução de 25,4% para 22,1%. Já em mudança do uso da terra e florestas houve aumento de 54,8% para 57,5% e, em tratamento de resíduos, de 2,0% para 2,2%.

Esses são alguns dos dados preliminares do Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa apresentados ontem pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, na Comissão de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor do Senado Federal. O Inventário é apresentado para o ano base de 2000. Também foram incluídos valores referentes a outros anos do período de 1990 a 2005, além de atualizar a informações de inventários anteriores.

O inventário é parte da Comunicação Nacional à Convenção Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, que por sua vez é um dos principais compromissos de todos os países signatários da Convenção de Mudança do Clima. O prazo legal para publicação dos dados se encerra no dia 31 de março de 2011, mas a divulgação das informações mais importantes foi adiantada por causa da proximidade da realização da 15ª Conferência da Partes (COP-15) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. O evento será realizado entre os dias 7 a 18 de dezembro, em Copenhague, na Dinamarca.

As informações do Inventário Nacional são fruto do trabalho de 700 especialistas e cerca de 150 entidades governamentais e não-governamentais, incluindo ministérios, institutos, universidades, centros de pesquisa e entidades setoriais da indústria. “A recepção das informações foi concluída este mês para apresentação, em janeiro de 2010, do relatório de referência, para ser discutida em consulta pública e seminários’’, disse Rezende.

Os estudos elaborados darão origem a cerca de 20 Relatórios de Referência contendo as informações utilizadas, descrição da metodologia empregada e critérios adotados. No primeiro semestre de 2010, os dados serão submetidos à análise de especialistas que não participaram diretamente do processo.

O primeiro inventário foi publicado em 2004, com dados referentes ao período de 1990 a 1994. De acordo com o ministro, o grande intervalo para essas divulgações é explicado pela pequena variação anual dos dados, além da complexidade do trabalho.

Rezende esclareceu ainda que os dados do inventário são mais confiáveis do que qualquer estimativa feita até o momento, mas que estão muito próximos das informações já divulgadas pelo governo. “As fontes dos documentos utilizados anteriormente são dos ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia e do Inventário anterior. Agora nós temos dados preliminares muito mais consistentes”, afirmou.

A preocupação com os gases na atmosfera começaram a surgir há dois séculos, mas a partir da criação do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas, em 1988, com a produção de relatórios, é que o tema começou a ganhar cada vez mais importância.