Ministério do Meio Ambiente inicia cadastramento de propriedades rurais

Cadastramento Ambiental Rural, que vai identificar áreas de desmatamento de vegetação ativa, registrará 5,4 milhões de propriedades

Ministra Izabella Teixeira assinou termo de cooperação técnica no Espírito Santo (Foto: Alessandro Dantas/MMA)

São Paulo – A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participou hoje (5) de ato público em Nova Venécia, no Espírito Santo (ES), para conhecer o assentamento Córrego Alegre, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um dos pioneiros na produção de alimentos com conservação ambiental para os assentados. O evento marcou o início do Cadastramento Ambiental Rural (CAR) nos estados, que será feito por meio de imagens de satélites contratadas pelo governo federal e distribuídas em março aos órgãos ambientais estaduais e do Distrito Federal. 

As imagens trazem detalhes dos mais 5,4 milhões de imóveis rurais distribuídos em território nacional e de áreas de preservação permanente, reservas legais e nascentes de rios. O CAR é uma das medidas previstas pelo novo Código Florestal, aprovado em outubro do ano passado pelo Congresso Nacional.

“O fortalecimento do CAR no Espírito Santo nasce aqui, especialmente com o apoio dos agricultores camponeses da região em assentamentos que produzem, preservam e geram renda”, destacou a ministra. Ela apontou ainda a importância de juntos, governo e sociedade, lutarem por uma reforma agrária digna, com políticas ambientais sólidas. “Se não resolvermos o problema da terra, não conseguiremos preservar o meio ambiente e não será possível avançar com politicas públicas inclusivas.”

Um termo de cooperação técnica do Ministério do Meio Ambiente (MMA) foi assinado com a Via Campesina, por meio da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab) e da Associação Nacional da Agricultura Camponesa (Anac), com o objetivo de acelerar a regularização ambiental de imóveis rurais no Espírito Santo.

“Em 24 anos de vida do assentamento, as 70 famílias conseguiram se desenvolver economicamente, preservando e recuperando a área ambiental de todo o assentamento, onde fazem produção agroecológica”, explica o integrante da coordenação nacional do MST, Adelso Lima.

O dirigente disse que o assentamento cumpre as normas de preservação ambiental, e é um exemplo para assentamentos de todo o país em relação à produção agroecológica. “Este representa o conjunto de assentamentos do Brasil, porque a agricultura camponesa está intimamente relacionada com a preservação e a recuperação ambiental.” A produção agrícola familiar representa cerca de 80% da produção total agrícola do ES, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Com o material do CAR, os governos dos estados e do DF vão conseguir identificar e quantificar as áreas de desmatamento da vegetação nativa para aplicar o Programa de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite, e identificar as diferentes espécies vegetais presentes em cada território.

“O Cadastro Ambiental Rural é muito importante para nós no sentido de facilitar e dar agilidade na política de assentamento”, disse o integrante do MST. Ele reforçou ainda o papel da presença da ministra no assentamento Córrego Alegre. “Agora a ministra conseguiu visualizar a relação das famílias assentadas com o meio ambiente, e reafirmou o compromisso com a reforma agrária.”

A ministra destacou o papel do CAR como registro público eletrônico de informações ambientais, além da sua obrigatoriedade para as propriedades rurais em todo o país. “Por meio dessa ferramenta conseguiremos integrar os dados ambientais das propriedade”. Ela destacou que por meio do cadastro será possível compor uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e combate ao desmatamento.