Índios fazem manifestação contra construção de Belo Monte

Representantes de movimentos sociais e Indígenas participaram, na UnB, de debates sobre a situação de Belo Monte (Foto: ABr) Brasília – Indígenas e representantes de movimentos sociais da região do […]

Representantes de movimentos sociais e Indígenas participaram, na UnB, de debates sobre a situação de Belo Monte (Foto: ABr)

Brasília – Indígenas e representantes de movimentos sociais da região do Rio Xingu fazem nesta terça-feira (8) em Brasília uma manifestação contra a liberação das obras do complexo hidrelétrico de Belo Monte. O protesto começa às 9h30 no gramado em frente ao Congresso Nacional.

Os índios pretedem entregar à presidenta Dilma Rousseff um documento com mais de 500 mil assinaturas contra o início das obras da usina.

Nesta segunda-feira (7), eles participaram de debates na Universidade de Brasília (UnB) sobre os impactos da construção da hidrelétrica e do recente licenciamento concedido pelo governo federal para a instalação da infraestrutura inicial.

Entre as presenças confirmadas estão as do cacique Megaron Txucarramãe, liderança kayapó de Mato Grosso; Sheyla Juruna, liderança de Altamira (MA); o cacique Ozimar Juruna, da Aldeia Paquiçamba, em Altamira; Josinei Arara, liderança da Aldeia Arara, de Altamira; e Antonia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre.

Traição

As comunidades indígenas e ribeirinhas que vivem na região onde o governo pretende construir a Usina Hidrelétrica de Belo Monte se dizem traídas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo lideranças locais, havia se comprometido em discutir o projeto com as comunidades atingidas.

Em julho de 2009, em uma reunião com movimentos sociais da região e o bispo da Prelazia do Xingu, dom Erwin Kräutler, o então presidente disse que o projeto não seria empurrado “goela abaixo” das populações locais.

“Lula não honrou a palavra e está enfiando Belo Monte goela abaixo. Disse que jamais faria nada se não ouvisse a sociedade, se não fosse viável, mas não cumpriu o que disse, nos deve”, disse hoje (7) a coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antônia Melo.

O cacique Raoni, um dos principais líderes kayapó do país, também reclamou da retomada do projeto de Belo Monte pelo governo Lula e da falta de diálogo com os povos tradicionais que serão atingidos direta ou indiretamente com a construção a hidrelétrica.

“Lula enganou nossos parentes. O dinheiro acaba, mas a terra continua, o rio continua, fomos enganados.”

Apesar de o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já ter emitido a licença de instalação parcial no fim de janeiro, movimentos sociais e líderes indígenas contrários ao projeto não consideram a construção de Belo Monte um fato consumado.

“Nem os governos anteriores trataram os indígenas como fez o governo Lula e, agora, o governo Dilma”, comparou Josinei Arara, líder indígena da região. “Nós conhecemos a realidade do Xingu, o governo não conhece. Não queremos Belo Monte”.

Nesta terça (8) um grupo de indígenas, ribeirinhos e pequenos agricultores da região do Xingu vai tentar entregar à presidenta Dilma Rousseff um manifesto com mais de 500 mil assinaturas contrárias à hidrelétrica.

“Vamos dizer à presidenta que não aceitamos Belo Monte e que ela tem que cancelar esse projeto”, disse Antônia Melo.

A assessoria do ex-presidente Lula, foi procurada para falar sobre o assunto, mas não respondeu aos telefonemas.