Desastre

Incêndio que já dura uma semana em Santos causa impacto ambiental e social

Além de danos à saúde da população, poluição leva à mortandade de peixes, e vila de pescadores em cidade vizinha tem sobrevivência ameaçada

reprodução/TVT

Governo federal disponibiliza homens e equipamentos no combate ao incêndio nos tanques da Ultracargo

São Paulo – Hoje (8), completa uma semana que tanques da empresa Ultracargo, no bairro da Alemoa, em Santos, pegam fogo. Desde quinta-feira, o corpo de bombeiros tenta conter as chamas. O governo federal determinou que a Infraero e a Força Aérea Brasileira coloquem à disposição pessoal e equipamentos para auxiliar no combate ao incêndio.

Além das consequências econômicas, o fogo produziu impactos ambientais e sociais por causa da poluição gerada. A densa fumaça preta não para de subir e o vento espalha os poluentes para os locais mais próximos, como a vila dos pescadores, no município vizinho de Cubatão, a menos de dois quilômetros de distância do fogo.

Na comunidade, muita gente tem sentido na pele as consequências do desastre ambiental. “Senti um ardor nas vistas, mas o meu neto tem problema respiratório e, ontem, estivemos no pronto-socorro infantil, em Cubatão. Tinha muitas crianças lá sendo atendidas, e ele também teve que tomar algumas medicações por causa da poluição”, contou a dona de casa Adélia Vieira dos Reis à equipe de jornalismo do Seu Jornal, da TVT.

A ONG Instituto Ecofaxina, que desde 2008 faz o monitoramento ambiental da região, recolhe amostras e mede o nível de oxigênio da água, desde o primeiro dia do incêndio, e também verificou a morte de toneladas de peixes, em decorrência da poluição. Moradores também reclama do gosto e cheiro de peixe, na água que chega até as casas, por conta da mortandade.

Pescadores da região estão preocupados com o sustento de suas famílias. “Eu mesmo, como pescador há 40 anos, deu vontade de chorar, porque o impacto foi muito grande. Eu nunca vi uma coisa daquela, na minha vida. Ninguém está pescando nada. Nem peixe, nem caranguejo, nem siri, nem nada. Você não vê nenhum peixe vivo”, relata desesperado Hélio dos Santos.

Uma comitiva de técnicos representantes do poder público, local e federal que vistoriou a área promete auxílio aos pescadores. “Estamos avaliando qual seria a melhor medida de mitigação, face ao que está acontecendo junto a essa mortandade de peixes, e avaliaremos qual seria a forma de  mitigar os pescadores. Ou através de fornecimento de cestas básicas, como forma emergencial. Isso vai ser avaliado pelo governo federal, quando nós retornarmos, amanhã (hoje), a Brasília”, afirma o técnico do Ministério da Pesca e Aquicultura Josué Bezerra de Freitas.

Só Deus mesmo que vai deixar a água ficar sadia, reproduzir novamente os peixes, e nós, como pescadores, vamos ter que procurar fazer alguma coisa para não deixar ninguém sem um prato de feijão”, lamenta o pescador Pedro dos Santos.

Assista a reportagem do Seu Jornal, da TVT: