São Paulo – “Os ricos não querem acabar com a degradação ambiental.” Assim o escritor Frei Betto analisa a encíclica papal Laudato Si em sua coluna para a Rádio Brasil Atual. O documento – elaborado pelo papa Francisco – é o primeiro na história da Igreja Católica a abordar como tema central a questão ambiental.

O documento aponta a degradação ambiental como um crime contra a natureza e o ser humano, além de um pecado contra Deus. O pontífice destaca a interligação entre ambiente e sociedade – se posicionando contrário à tendência individualista vigente – e destaca que os detentores de recursos e de poder se focam em “mascarar os problemas”, conforme texto do documento papal.

Frei Betto chama a atenção para a incoerência da crise hídrica vivida no Brasil. “O país contém 12% da água potável do planeta. A crise é resultado da falta de planejamento de nossos governos”, diz.

O escritor convida à reflexão sobre a crescente perspectiva de posicionar a água como pauta econômica de corporações das grandes potências. “Cada vez mais estamos comprando água no supermercado. Água engarrafada como se fosse mais pura do que a do filtro. Se você cair na besteira de dar dinheiro para estas transnacionais, leve para analisar em um laboratório. Veja qual das duas, de garrafa ou de filtro, é mais pura”, critica Frei Betto.

Seguindo ainda pela questão econômica, o escritor recorda que está presente na encíclica um alerta sobre propostas de internacionalização da Amazônia a serviço do capital. “Veja o papa defendendo o Brasil, quando o próprio governo deveria estar dando este grito contra o interesse econômico”, diz.

Frei Betto participa hoje (29) às 19h de um debate em São Paulo com o médico e escritor Drauzio Varella, no teatro Eva Herz da Livraria Cultura, no Conjunto Nacional. O local fica próximo à estação Consolação do metrô, na Avenida Paulista, 2.073.

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