Escorregadio

Ex-presidente da Vale tenta se livrar de responsabilidade por Brumadinho

Ex-presidente da Vale entrou com habeas corpus para tentar se livrar de julgamento sobre as 272 mortes da tragédia anunciada de Brumadinho

Reprodução
Reprodução
Os processos de reparação pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão e o colapso das barragens B-I, B-IV e B-IVA ainda estão em curso

São Paulo – O Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) analisará um habeas corpus que pretende excluir Fabio Schvartsman, ex-presidente da Vale, da lista de réus no processo que envolve 16 pessoas por homicídio doloso qualificado e crimes ambientais. O executivo entrou com o instrumento para tentar se livrar da responsabilidade do crime da Vale em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019. A tragédia deixou 272 mortos, além de um desastre ambiental sem precedentes.

O pedido da defesa de Schvartsman visa ao trancamento da ação penal. Caso o TRF aceite, o ex-presidente não participará do julgamento relacionado às mortes causadas pelo desastre da barragem naquele 25 de janeiro de 2019. Essa tentativa de eximir Schvartsman é alvo de críticas. Nesta quarta-feira (13), durante o julgamento, haverá uma mobilização em frente ao tribunal, na rua Santo Barreto, 161, em Belo Horizonte.

Edi Tavares, diretor da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho (Avabrum), lamenta o absurdo que pode estar à frente. Tavares ressaltou: “Quem não deve não teme. Se ele afirma que não tem responsabilidade no rompimento, não deveria ter medo.”

O processo da Vale

O processo, que transitou por três anos na Justiça estadual mineira, teve início em janeiro deste ano. Isso após ser transferido para a Justiça Federal, mediante solicitação da defesa de dois réus. Neste momento, a 2ª Vara Criminal Federal em Minas Gerais notifica os acusados, concedendo-lhes 100 dias para se pronunciar sobre as acusações. Entretanto, o calendário para o julgamento em si não tem previsão concreta.

A expectativa em torno deste caso não apenas recai sobre a possível exclusão de Schvartsman do processo, mas levanta questionamentos sobre a responsabilização dos envolvidos e a busca por justiça para as vítimas da tragédia de Brumadinho, um evento que deixou marcas profundas e ainda não teve seu desfecho definitivo no âmbito judicial.

Este desdobramento aguardado no TRF-6 pode ser determinante para o desfecho do caso e para a compreensão de como as esferas judiciais lidarão com um dos maiores desastres socioambientais da história do Brasil.