DENÚNCIA

Cetesb e MP investigam se Sabesp voltou a poluir a Billings

Por decisão judicial, lodo químico do tratamento de água parou de ser jogado na represa em 2008

Paulo Pinto/ Fotos Públicas

Rejeitos do tratamento de água despejados transformaram um dos braços da represa em muitos quilômetros de lodo

São Paulo – A Cetesb, a pedido do Ministério Público, investiga se a Sabesp voltou a despejar lodo químico em um dos braços da represa Billings, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O rejeito do tratamento de água realizado no braço Rio Grande, que abastece 1,5 milhão de pessoas, foi jogado na represa por 20 anos e só parou devido a decisão judicial em 2008. Desde então, vai para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) ABC.

A denúncia de novos despejos do lodo químico chegou ao MP, por intermédio de moradores da região da Vila Balneária, em São Bernardo. “Essa denúncia é grave, pois a Sabesp tinha cessado esses despejos. Se voltou a jogar, não está cumprindo a decisão judicial”, analisou Rosangela Staurenghi, promotora de Meio Ambiente e Urbanismo de São Bernardo.

Para verificar as denúncias, a promotora enviou ofício à Cetesb, em 18 de março. Em nota, a Agência Ambiental do ABC 2, da Cetesb, confirmou a solicitação do MP e informou o agendamento de uma vistoria para esta semana (até quinta) para constatação e eventuais providências.

Procurada pela reportagem para falar sobre as denúncias e investigações, a Sabesp não respondeu até o fechamento desta edição.

Flagra

Além dos alertas dos moradores, durante filmagens de reportagem sobre a crise hídrica, a equipe da TVT e o advogado ambientalista Virgilio Alcides de Farias flagraram algo além de esgoto no córrego que desagua na Billings, entre as estradas Martim Afonso de Souza e Brasílio de Lima, próximo ao km 28 da via Anchieta.

Nas imagens é possível ver as águas do córrego divididas: a parte escura é esgoto e a parte marrom, suspeita-se que seja iodo e sulfato de alumínio, produtos químicos usados pela Sabesp para tratar água do braço Rio Grande.

“Esse córrego tem ligação direta com a parte da represa onde está a ETA (Estação de Tratamento de Água). Ele passa debaixo da via Anchieta, recebe os esgotos das casas da Vila Jussara e desagua na Billings novamente”, explicou o advogado ambientalista.

Os rejeitos do tratamento de água despejados por 20 anos pela Sabesp na Billings transformaram um dos braços da represa em mais de três quilômetros de mato e lodo. Na ação, movida em 2002 pela promotora Rosângela Staurenghi, o MP pedia que a Sabesp parasse de lançar os rejeitos e recuperasse a área. A Justiça determinou o fim dos despejos em 2008. “Se for provado que voltaram a jogar o material, a Sabesp pode ser multada”, disse Rosângela.

Sobre a descontaminação da área, na primeira decisão, o processo foi julgado improcedente por falta de perícia. No entanto, o MP recorreu e em segunda instância conseguiu a condenação da Sabesp. A companhia então recorreu e o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal, onde está desde 2012.

Assista a matéria feita pela TVT