Eleições 2022

SBPC cobrará dos candidatos revisão dos retrocessos ambientais de Bolsonaro

Em seminário para debater propostas para os candidatos à Presidência e ao Congresso, participantes defendem a retomada da sustentabilidade para enfrentar as mudanças climáticas em curso

Marcio Isensee/Idesam
Marcio Isensee/Idesam
A formação de pasto está entre as principais razões do desmatamento na Amazonia Legal

São Paulo – A revisão dos retrocessos ambientais no período de 2019 e 2022 é a principal reivindicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) aos candidatos à Presidência da República e ao Congresso nessas eleições. Em seminário nesta quarta (20), o Grupo de Trabalho Meio Ambiente da SBPC apresentou propostas para o enfrentamento aos impactos das mudanças climáticas.

Além disso, levantou os diversos problemas agravados nos últimos anos de “boiada”. Ou seja, o desmonte ambiental em curso no Brasil desde o início do governo Bolsonaro e seu efeitos, como recordes de desmatamento e de incêndios na Amazônia. “Além de tudo, houve a redução de recursos para o Meio Ambiente. Sem recursos não é possível manter resiliência dos serviços ambientais”, disse a coordenadora do grupo, Luciana Gomes Barbosa.

De acordo com a coordenadora, a lista de propostas se destinará candidatos a governos e ao Legislativo que tenham compromisso com um país mais sustentável. E com a adesão a acordos e protocolos internacionais para redução das emissões de gases de efeito estufa. Além da retomada de investimentos e fundos voltados ao clima. A Outro ponto importante destacado pela SPBC é o restabelecimento da participação da comunidade científica e da sociedade civil nas políticas públicas. Por exemplo, no Conselho Nacional de Meio Ambiente, limado pelo ex-ministro Ricardo Salles.

A organização também observa que o desmonte do setor retirou do Brasil capacidade de ter planos de emergência. Assim, o país tornou-se muito mais vulnerável a ocorrências ambientais. Por exemplo, poderiam ser minimizados prejuízos do episódio do vazamento de óleo nas praias do Nordeste. Ou haver políticas de rastreamento de produtos tóxicos, de erradicação do garimpo ilegal e de uso de agrotóxicos. E também para prevenir incêndios e para promover a segurança alimentar e hídrica.

Retrocessos ambientais e mais agrotóxicos

A pesquisadora Larissa Bombardi destacou a produção de alimentos na perspectiva das “chagas ambientais e sociais” trazidas pelo uso de agrotóxicos. Larissa é autora do atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia. Ela mostrou dados do uso crescente da terra pelo cultivo das commodities, da redução na produção de arroz e feijão e o aumento desordenado do uso desses produtos. Desse modo, o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de veneno agrícola. A liberação recorde de agrotóxicos perigosos e banidos em outros países, aliás, é mais um dos retrocessos ambientais impostos pela agenda de Jair Bolsonaro.

O uso indiscriminado dos agrotóxicos, inclusive na Amazônia Legal, provocou aumento dos casos de intoxicações, inclusive de bebês de colo, da fome e das mortes no país. E comunidades inteiras no interior do país, inclusive povos indígenas, foram sobrevoados por aviões agrícolas pulverizando toneladas de veneno sobre suas cabeças.

“Vivemos o colonialismo molecular, então, há uma devastação física do nosso meio ambiente e também molecular, química. Essa realidade nos torna vulneráveis a essas substâncias, é um mecanismo de nos tornar sub-humanos. Mas nada disso é permitido na União Europeia, embora essas empresas estejam sediadas na União Europeia em sua maioria”, disse Larissa.

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