FONTES RENOVÁVEIS

Petrobras pode ter papel fundamental na transição energética brasileira

Especialista afirma que mudança para energia renovável precisa também passar pela requalificação de trabalhadores

O acordo firmado na COP26, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, defende a necessidade de "acelerar" a transição energética para fontes limpas
O acordo firmado na COP26, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, defende a necessidade de "acelerar" a transição energética para fontes limpas
FUP já publicou uma carta defendendo a priorização da Petrobras para a transição energética e reforçou a necessidade de revitalização do programa de biocombustíveis

São Paulo – O acordo firmado na  26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26, defende a necessidade de acelerar a transição energética para fontes limpas. Além disso, os quase 200 países presentes assinaram um compromisso para reduzir subsídios a combustíveis fósseis e o uso de carvão que não use tecnologia de compensação de emissões.

Para o professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro, a Petrobras pode ter papel fundamental na transição energética no Brasil.

“Foram feitas experiências importantes de biodiesel no transporte durante o governo Lula. O centro de pesquisa da Petrobras é de alto nível e já mostrava que a empresa poderia impulsionar a atividade econômica nesse sentido. Porém, desde o golpe contra Dilma, a empresa vem perdendo esse papel estratégico. A retomada do Brasil passa pela requalificação da Petrobras, que já mostrou novas diretrizes energéticas”, afirmou, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) publicou em outubro uma carta defendendo a priorização da Petrobras para a transição energética e reforçou a necessidade de revitalização do programa de biocombustíveis. “Na contramão de diversas outras grandes petroleiras no mundo, a estatal está abandonando todos os seus projetos de investimentos em fontes renováveis de energia, vendendo usinas eólicas e sua produtora de biodiesel. Um balde de água fria tanto no processo de limpeza da matriz energética do país como na formação de profissionais em áreas ‘verdes’, bem como na requalificação de seus atuais trabalhadores”, aponta o texto.

Transição energética

O especialista da USP diz que a transição energética é um tema urgente para o planeta, embora alerte que não é possível promover a mudança de imediato. Segundo ele, a discussão sobre mudanças no setor de energia precisa passar pela requalificação dos trabalhadores da área.

“Não podemos mudar o padrão energético de um dia para o outro. Há milhões de postos de trabalhos no conjunto atual, então essa transição precisa ser discutida também com sindicatos. Há uma resistência no Brasil sobre essa discussão, pois é preciso requalificar esses trabalhadores para que possam manter seus empregos. A tecnologia precisa ser inclusiva“, defende.

Apesar da COP 26 ter defendido a necessidade de reduzir subsídios para combustíveis fósseis, o Brasil concedeu R$ 123 bilhões em 2021. Segundo o geógrafo, parte desses recursos poderiam subsidiar pesquisas brasileiras para realizar a transição da energia renovável. “Infelizmente, os subsídios foram maiores do que o gasto com educação. É a escolha desse governo que está aí. Isso mostra que não há uma priorização de temas sociais do país, avançando com privatização de empresas estratégicas”, lamentou.

Confira a entrevista