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Nível da água nos reservatórios Cantareira e Alto Tietê segue em queda

Baixas preocupam e Sabesp começa a cogitar uso do volume morto do Alto Tietê e ampliação do uso da reserva do Cantareira

Luis Moura/Folhapress

Bombeamento de emergência da água do fundo do reservatório pode virar realidade no sistema Alto Tietê

São Paulo – As represas que compõem os sistemas Cantareira e Alto Tietê continuam registrando queda no volume de água armazenado diariamente. Hoje os reservatórios registraram nova queda de 0,2% em relação a ontem, chegando a 17,8% e 23,4%, respectivamente. Há um ano o volume de ambos era 54,9% e 63,3%. Porém, o volume útil do Cantareira – sobre o qual era calculado o percentual disponível – zerou no último fim de semana, o que dificulta comparações. Em razão da redução do Alto Tietê, a Sabesp já cogita o uso do volume morto deste sistema também.

Na última segunda-feira, a Sabesp emitiu nota informando que “está executando estudos para o possível aproveitamento da reserva técnica do Sistema Alto Tietê e da ampliação do uso da reserva do Sistema Cantareira”. A “reserva técnica” é o nome oficial do chamado volume morto, que fica além da capacidade de vazão normal das represas para abastecimento da população.

Porém, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que não tem intenção de utilizar a reserva. “É sempre importante ter esta reserva técnica que possa ser utilizada, senão não tem sentido, mas nós não pretendemos utilizá-la”, disse.

No entanto, pelo ritmo atual de consumo de 0,2% ao dia, o volume útil do sistema Alto Tietê esgotaria em 117 dias, aproximadamente quatro meses. Isso se não houver nenhuma chuva na região que eleve o nível de água da represa. Quase o mesmo tempo que deve durar a primeira parte do volume morto do Cantareira – 200 bilhões de litros –, cujo esgotamento se prevê para o fim de outubro. O volume total da reserva é de 400 bilhões de litros.

O sistema Cantareira abastece 8 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo e nas zonas norte, leste e central da capital paulista. Já o Alto Tietê abastece 4,5 milhões, na região de Poá, Mogi das Cruzes e zona leste da capital. Em virtude da crise hídrica constatada no início deste ano, o Alto Tietê começou a suprir, junto com a represa Guarapiranga, 2 milhões de pessoas antes atendidas pelo sistema Cantareira.

No dia 26 de junho, o promotor Ricardo Manuel Castro, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público Estadual de São Paulo, instaurou um inquérito civil para verificar a regularidade da gestão do Sistema Alto Tietê pela Sabesp.

O promotor pediu ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), à Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), à Agência Nacional de Águas (ANA) e à própria Sabesp, informações sobre o funcionamento do sistema.

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