Questão agrária

Três mil famílias do MST reocupam fazenda do senador Eunício Oliveira

Movimento afirma que governo federal não cumpriu diversos acordos realizados durante a reintegração de posse ocorrida em março deste ano

MST

Movimento afirma ter resgatado variedades de sementes crioulas em 200 hectares durante primeira ocupação

Da página do MST – Cerca de 3 mil famílias ocuparam pela segunda vez a fazenda Agropecuária Santa Mônica, localizada entre os municípios de Alexânia, Abadiânia e Corumbá (GO). A ação foi realizada na manhã desde domingo (21). A propriedade, registrada no nome do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), é um complexo de mais de 21 mil hectares e autodeclaradas improdutivas, segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

As famílias retornaram à área depois do governo federal não ter cumprido diversos acordos realizados durante a reintegração de posse ocorrida no dia 4 de março deste ano. Um deles é o assentamento de cerca de 1.100 famílias até 60 dias depois do despejo. Outro é a realização de estudo sobre a legalidade da posse do senador sobre as 21 mil hectares do complexo.

“Diante desta situação, o Acampamento Dom Tomás Balduíno, símbolo da luta popular e pela terra no Goiás, afirma sua determinação em permanecer na área até que o governo destine o complexo latifundiário para fins de reforma agrária”, afirma o movimento por meio de nota.

De acordo com relatos dos acampados, após a saída deles da área foi identificado um abandono da Fazenda e de ações que comprovam o desmatamento ilegal dentro da área.

O Complexo Agropecuária Santa Mônica foi ocupado, pela primeira vez, em agosto de 2014 por 3 mil famílias. Na época, o MST denunciou a relação do senador, então candidato à governo do estado do Ceará, com a expulsão de famílias camponesas da região, com o intuito de promover a especulação fundiária. Além das vastas extensões de terra improdutiva.

Durante o período, em pouco mais de 200 hectares, os sem-terra resgataram diversas variedades de sementes crioulas, sistemas de controle biológico, consórcios de culturas, princípios de alelopatia e mais uma gama de inovações desenvolvidas, bem como mais de 22 culturas diferentes passaram a ser cultivadas.

Após seis meses de ocupação de parte do Complexo de Fazendas Santa Mônica, na manhã do dia 4 de março, 2 mil policiais realizaram o despejo das famílias Sem Terra, cujo pedido foi expedido pelo juiz da Comarca de Corumbá, Levine Artiaga, acusado de ser alinhado com o senador, além de já ter frequentado a fazenda diversas vezes.

Confira nota do MST

Na madrugada desde domingo (21), cerca de 3 mil famílias do MST ocuparam pela segunda vez a Agropecuária Santa Mônica, registrada no nome do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), um complexo de mais de 21 mil hectares e autodeclaradas improdutivas.

As propriedades do senador ficam entre os municípios de Abadiânia, Alexânia e Corumbá, a 100 quilômetros de Brasília e a 120 de Goiânia.

O MST retorna à área devido o não cumprimento por parte do Governo Federal de, após 60 dias da reintegração de posse da área, serem assentadas cerca de 1100 famílias. Outra parte não cumprida do acordo foi a realização de estudo sobre a legalidade da posse do senador Eunício Oliveira sobre as 21 mil hectares do complexo, uma vez que há grande volume de informações na região sobre a grilagem da área.

Diante desta situação, o Acampamento Dom Tomás Balduíno, símbolo da luta popular e pela terra no Goiás, afirma sua determinação em permanecer na área até que o governo destine o complexo latifundiário para fins de reforma agrária.

Com essa ocupação, o MST reafirma seu compromisso com a sociedade brasileira de lutar pelo fim do latifúndio, contra o agronegócio e pela produção de alimentos saudáveis para o povo da cidade e do campo.

A não realização da Reforma Agrária só interessa a uma pequena elite que defende apenas seus interesses, não os do Brasil. Por isso, seguimos em luta! E avisamos ao senador e aos poderes estadual e federal: viemos para ficar, queremos reforma agrária já!