Confrontos na Ucrânia deixam pelo menos 25 mortos e presidente decreta luto
Para governo a oposição 'ultrapassou os limites', nos confrontos de ontem em Kiev, a capital do país, que pode estar à beira de guerra civil
Publicado 19/02/2014 - 10h56
O enfrentamento de antigovernistas e policias continuou durante toda a madrugada de hoje (19)
Kiev – Pelo menos 25 pessoas morreram ontem (18) nos confrontos entre manifestantes e a polícia em Kiev, capital da Ucrânia, informou hoje (19) o Ministério da Saúde, em comunicado. Além das mortes, 241 pessoas foram hospitalizadas, incluindo 79 policiais e cinco jornalistas. O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukóvich, declarou um dia de luto nacional para amanhã (20), em memória à morte das vítimas dos confrontos entre polícia e manifestantes.
Segundo os médicos que estão trabalhando em um hospital de campanha montado pela oposição ucraniana, a maioria das lesões foi provocada por bombas de efeito moral.
Cerca de 30 pessoas sofreram lesões na cabeça e estão em estado grave. Um dos feridos terá amputar uma mão. Segundo a polícia, 47 agentes das forças de segurança também ficaram feridos nos confrontos, dos quais cinco apresentavam ferimentos por bala.
De acordo com o decreto de luto nacional, as bandeiras dos edifícios oficiais devem ser hasteadas a meio mastro e todos os espetáculos e as competições desportivas devem ser cancelados ou adiados. Yanukóvich relacionou à perda de vidas causada pela desordem, segundo informou o comunicado da Presidência
O presidente afirmou que, com os confrontos de ontem em Kiev, a oposição “ultrapassou os limites”. Os oposicionistas apelaram ao uso de armas para enfrentar as forças policiais. Yanukóvich garantiu que os responsáveis serão levados à Justiça e destacou que a sua posição “não é um capricho”, mas uma obrigação constitucional.
Tensão
O papa Francisco manifestou preocupação hoje (19) com os acontecimentos na Ucrânia e pediu a todas as partes para “cessarem toda a ação violenta”. O pedido do papa foi feito durante a sua audiência geral na Praça de São Pedro. “Eu asseguro ao povo ucraniano a minha proximidade e rezo pelas vítimas das violências, pelos seus familiares e pelos feridos. Apelo a todas as partes para cessar toda a ação violenta e procurar a harmonia e a paz no país”, disse Francisco.
A Rússia classificou os protestos na Ucrânia como uma tentativa de golpe de Estado e exigiu que os líderes da oposição ponham um fim imediato à violência. “Trata-se de uma tentativa de golpe de Estado”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em um comunicado, referindo-se aos protestos que entre ontem e hoje deixaram ao menos 25 mortos.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, também alertou que as “profundas divisões” que existem na Ucrânia não serão resolvidas “derramando mais sangue inocente” e manifestou preocupação pelo que chamou de “violência inaceitável” nas ruas de Kiev.
Protestos crescentes
A crise política na Ucrânia começou no fim de novembro, quando milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a decisão do presidente Ianukóvitch de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia.
Depois dos confrontos no fim de janeiro, desencadeados pela aprovação de legislação limitadora do direito de manifestação, governo e oposição iniciaram negociações que levaram à demissão do primeiro-ministro Mikola Azarov e à retirada de manifestantes da Câmara Municipal de Kiev e de outros edifícios públicos ocupados.
O processo de negociação permitiu ainda a aprovação de anistia para todos os manifestantes detidos em confrontos com a polícia.
*Com informações da Agência Brasil