Em Honduras, parcial aponta vitória de conservador; oposição fala em ‘fraude descarada’
Candidato apoiado pelo atual governo, Juan Orlando Hernández teria vencido Xiomara Zelaya, mulher do presidente deposto em 2009 por um golpe de Estado
Publicado 25/11/2013 - 10h23
São Paulo – Parciais divulgadas ontem à noite (24) pela justiça eleitoral de Honduras apontam que o candidato conservador Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional (PN), venceu as eleições presidenciais realizadas neste domingo.
Com 42% dos votos apurados, Hernández tinha 35,15%, contra 28,45% de sua principal adversária, Xiomara Castro, mulher do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe de Estado há quatro anos. Xiomara concorreu pelo Partido Liberdade e Refundação (Libre). A tendência seria irreversível.
O resultado parcial foi divulgado minutos após ambos os partidos declararem a vitória de seus candidatos. Xiomara, em entrevista à TeleSur, chegou a dizer: “Sou a presidente de Honduras”.
Jornais e rádios locais haviam informado pouco tempo antes os resultados de pesquisas de boca de urna. Enquanto a Radio Globo, famosa por ser um dos poucos veículos que se posicionou contra o golpe de Estado contra Manuel Zelaya em 2009, apontava vitória de Xiomara, os jornais La Prensa e El Heraldo davam como ganhador Hernández.
Fraude descarada
Manuel Zelaya rechaçou ontem mesmo os resultados preliminares e convocou a direção do partido a uma reunião de emergência hoje (25). Segundo ele, as autoridades eleitorais não haviam computado entre 19% e 20% das urnas por supostas anormalidades e inconsistências – um total de quase 400 mil votos.
“Nós não aceitamos esse resultado, protestamos contra esse resultado e o rechaçamos, porque nossas pesquisas de boca de urna e nossa contagem de atas confirmam que Xiomara ganhou a Presidência da República com mais de três pontos”, afirmou Zelaya.
Rixi Moncada, representante do Libre no Conselho Consultivo da justiça eleitoral, disse existir uma manipulação dos dados reais e uma fraude descarada para favorecer um dos candidatos. “Há mais de 1.900 atas de departamentos (estados) onde o Libre ganha contundentemente que não foram incorporadas ao sistema de contagem, mas transferidas a um denominado procedimento de escrutínio especial”, contou.
Moncada garantiu ter informes fidedignos que provam que foram introduzidos ao sistema de contagem “atas via escanner de lugares onde o escrutínio ainda não tinha sido concluído”.
Tanto Moncada como o candidato à vice-presidência, Enrique Reyna, disseram que o que aconteceu neste domingo foi “uma clara fraude frente à vontade popular, que, sem dúvidas, está sendo alterada através da transmissão irregular de resultados”.
Com Opera Mundi