Mantega prevê novas medidas para a indústria em 2012

Ministro faz balanço do ano e diz que país deverá reduzir custos financeiros para o consumidor e traça expectativa de crescimento da economia no ano que vem

São Paulo – O governo federal considera que há mais espaço para medidas como as adotadas neste ano para proteger e favorecer a indústria brasileira diante do cenário de crise externa. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em 2012 novas ações devem ser aplicadas para evitar o agravamento dos efeitos indiretos da recessão e da desconfiança que assolam países europeus e os Estados Unidos.

O governo lançou, em agosto, o programa Brasil Maior, um conjunto de incentivos ao setor, especialmente de setores como o automobilístico, confecções, calçados, móveis e softwares. “A indústria vai ter um desempenho melhor no ano que vem do que neste ano”, prevê Mantega. Além das medidas já anunciadas – como Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros com menos de 65% de conteúdo nacional, por exemplo – ele já fala em “novas desonerações” e “medidas de defesa comercial”.

O fortalecimento de órgãos, dentro do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, voltados à defesa comercial foi uma das medidas prometidas pelo governo ao anunciar a política industrial. São incluídas nesse tipo de medida investigações para evitar triangulações comerciais entre países para “maquiar” a origem de produtos ou tentar evitar restrições a produtos asiáticos, por exemplo. Embora sejam irregulares do ponto de vista de acordo internacionais, as práticas motivam queixas do empresariado brasileiro.

As declarações de Mantega foram feitas a jornalistas em entrevista coletiva no Ministério da Fazenda na manhã desta quinta-feira (22), em Brasília. Mantega não adiantou detalhes sobre as medidas. Mas apresentou um diagnóstico dos efeitos da crise que explicam a preocupação.

Nos cálculos do ministro, a instabilidade internacional fez diminuir o crescimento da economia do país neste ano entre 0,5 a um ponto percentual. É por isso que a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 – soma de todas as riquezas produzidas no país no período – irá ficar perto de 3%. Para 2012, Mantega aposta em 4% “se a crise internacional continuar complicada” e 5% “se os europeus encontrarem uma saída”.

Inflação

Em relação ao cumprimento da meta de inflação, estabelecida pelo Comitê de Política Monetária em 4,5% com margem de dois pontos percentuais, Mantega mostrou-se otimista. Ele acredita que “de jeito nenhum” a medição oficial de preços irá ultrapassar 6,5% no ano. Caso o teto seja ultrapassado, o Banco Central, responsável pelo cumprimento da meta, teria de explicar os motivos da falha ao Executivo e, eventualmente, ao Legislativo, o que representaria um desgate político.

Tecnicamente, a carta comunicando o descumprimento da meta só seria necessária caso a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ultrapasse 6,54%. Isso porque, até esse patamar, seria possível arredondar para 6,5%.

Juros

Mantega disse também que uma das missões da equipe econômica em 2012 é reduzir o custo financeiro no Brasil e permitir maior crescimento do consumo. Segundo ele, o crédito para a população ainda é alto, embora a taxa real de juros, que desconta a inflação, esteve abaixo de 4,5% ao ano. O ministro não quis antecipar, no entanto, se a alteração no custo financeiro significa redução ainda maior do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

“Em relação ao crédito, o que temos a reclamar é o custo financeiro elevado. Então, é uma missão, para o próximo ano, reduzir o custo do crédito. Quando baixarem as taxas, o consumo irá crescer mais, com prestações menores, e permitirá à população a aquisição de novos bens”, destacou o ministro.

PIB

Sobre o crescimento da economia em 2011, Guido Mantega, avaliou que a crise econômica global reduziu “um pouco o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil, de 0,5% ponto percentual a 1% ponto percentual. Assim, a economia brasileira deverá crescer até 3,5% neste ano, pouco mais do que estima o Banco Central (3%). No ano que vem, o Ministério da Fazenda espera um crescimento entre 4% e 5%. “Mesmo porque nós já administramos uma parte dos impactos da crise. A previsão do Banco Central é mais precisa no que diz respeito à inflação. Eles (BC) são menos precisos em relação ao crescimento. Nós usamos variáveis diferentes.”, disse.

Com informações da Reuters e Agência Brasil