Juíza assassinada em Niterói investigava grupos de extermínio e policiais militares

OAB cobra esclarecimento sobre por que motivos a juíza não tinha escolta policial

São Paulo – A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo (RJ), foi assassinada na noite desta quinta-feira (12) na porta de sua casa. Patrícia era responsável por julgar crimes de homicídio, grupos de extermínio e milícias de transporte coletivo que atuavam na região. Ela investigava também casos de autos de resistência, ou seja, mortes provocadas pela polícia supostamente em confronto com o suspeito.

Em setembro de 2010, a magistrada determinou a prisão de quatro policiais militares de Niterói e São Gonçalo acusados de integrar um grupo de extermínio na região. Em janeiro deste ano, ela também decretou a prisão de seis policiais acusados de forjar autos de resistência. Na última terça-feira (9), Patrícia Lourival Acioli condenou o oficial da Polícia Militar Carlos Henrique Figueiredo Pereira a um ano e quatro meses de detenção, em regime aberto, pela morte do jovem Oldemar Pablo Escola Faria, de 17 anos, em setembro de 2008.

De acordo com Angélica Ivo, mãe do jovem Alexandre Ivo, 14, brutalmente assassinado por skinheads, em um crime homofóbico, a juíza era a responsável pelo caso de seu filho. Angélica depositava enorme confiança no justo trabalho de Patrícia, e conta que ela deixou três filhos, inclusive “o mais velho ouviu tudo, quando chegou ao local do crime, tudo já tinha acontecido. Ele ainda quebrou o vidro do carro para socorrer a mãe”, que não resistiu aos 15 tiros.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, cobrou esclarecimentos sobre os motivos pelos quais a juíza estava sem escolta policial mesmo sendo alvo de ameaças. Em nota, ele lamentou a morte da magistrada e pediu imediata apuração sobre os autores e mandantes do assassinato.

A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) cobrou uma atuação do governo federal e do Congresso para evitar que crimes como este se repitam. A entidade lembra que o nome de Patrícia era um dos doze que figurava em uma lista de marcados para morrer apreendida com um traficante do Espírito Santo. “Muitos juízes deixam a competência criminal com medo de serem mortos, pois o Estado não lhe dá a segurança necessária. Isso faz com que a sociedade fique a mercê, na mira desses meliantes”, indica comunicado.

Segundo reportagem do portal Terra, um primo de Patrícia havia dito que ela estava sem proteção policial há três anos, quando teve sua segurança retirada por ordem do presidente do Tribunal de Justiça do Rio, à época, Luiz Zveiter, que hoje é atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ).

Com informações da Agência Brasil