Acusado de assassinar sobrevivente do massacre de Corumbiara, em Rondônia, era foragido da Justiça
Ozéas Vicente estava envolvido em assassinato no Amazonas. Ele apresentou-se à delegacia acompanhado do advogado. Polícia não descarta possibilidade de haver um mandante para o crime
Publicado 30/05/2011 - 16h36
São Paulo – Segundo a Polícia Civil e a Secretaria de Defesa de Rondônia, Ozéas Vicente, suspeito de assassinar Adelino Ramos, líder do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), na última sexta-feira (27), era foragido da Justiça ainda antes do caso. Ele entregou-se acompanhado de advogado nesta segunda-feira (30), três dias depois do homicídio. O acusado apresentou-se à sede da Delegacia Regional de Extrema, a cerca de 45 quilômetros do local do crime.
Adelino Ramos, o Dinho, integrava o Movimento Camponês Corumbiara e morava no Assentamento Agroflorestal Curuquetê, no município de Lábrea, na divisa de Amazonas com Rondônia. Ele havia denunciado a atuação de madeireiros na região, e por isso parentes e amigos acreditam que o crime se trate de vingança. Ele era ainda um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, comandado por fazendeiros e policiais contra trabalhadores rurais sem-terra em 1995.
De acordo com o Rondônia Agora, o diretor-geral de Polícia Civil, Claudionor Soares Muniz, e o secretário da Defesa Marcelo Bessa, concederam entrevista coletiva na tarde desta segunda, em Porto Velho (RO). O suspeito ainda não foi ouvido e está a caminho da capital do estado, onde prestará depoimento.
Segundo Muniz, a investigação acredita que o homicídio tenha sido uma retaliação por acusações feitas por Adelino contra Ozéas diante do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O suspeito estava envolvido em ações irregulares junto a madeireiras na região. Existe ainda a possibilidade de haver um mandante do crime. Ozéas já era foragido por envolvimento com outro assassinato no Amazonas.
O líder camponês vinha sofrendo ameaças de morte nos dias anteriores à morte, revelaram familiares em depoimento. Segundo o delegado Muniz, porém, não houve denúncias nem registro de ocorrência policial. Adelino teria sido seguido pelo assassino antes dos disparos em local público e com testemunhas. A vítima teria reconhecido o autor do crime e até mencionado seu nome antes de morrer.
Os detalhes do depoimento de Ozéas serão conhecidos apenas nesta terça (31), em nova entrevista coletiva. O secretário de Defesa, Marcelo Bessa, promete preservar a imagem do suspeito durante as investigações.
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