Rodrigo Maia: ‘Temos de trazer de volta o que foi bom para o Rio’

Maia não considera que seja pesado o ‘fardo’ de carregar a herança do pai, o ex-prefeito Cesar Maia (Foto: Gustavo Lima. Agência Câmara) Rio de Janeiro – Sempre bem votado […]

Maia não considera que seja pesado o ‘fardo’ de carregar a herança do pai, o ex-prefeito Cesar Maia (Foto: Gustavo Lima. Agência Câmara)

Rio de Janeiro – Sempre bem votado nas eleições legislativas, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) enfrenta nesta campanha para a prefeitura do Rio de Janeiro, segundo as pesquisas de opinião, uma rejeição que ultrapassa a casa dos 40%. A explicação pode estar no fato de Rodrigo – político destacado e que já chegou a ocupar a presidência nacional de seu partido – ser filho do ex-prefeito Cesar Maia, que governou a cidade por três mandatos. Além disso, o lugar de vice na chapa do candidato do DEM é ocupado pela deputada estadual Clarissa Garotinho (PRB), filha dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus.

Rodrigo, no entanto, nega que sua herança política seja um fardo: “Acredito na aliança e no legado dos nossos partidos”, diz, em entrevista concedida por e-mail à Rede Brasil Atual. O candidato do DEM afirma ainda que “não há transparência em relação aos recursos investidos” pela prefeitura para as Olimpíadas de 2016 e promete retomar programas sociais do governo Cesar como o Rio Cidade, o Favela Bairro e o Remédio em Casa.

Por outro lado, o criticado sistema de aprovação automática criado por Cesar na rede municipal de educação – e que, segundo o candidato, foi mantido pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) – é rechaçado por Rodrigo: “O sistema de ciclos está fora da minha agenda”, garante.

Nesta série de entrevistas como os candidatos à prefeitura do Rio, a RBA já abriu espaço às propostas de Aspásia Camargo, do PV, e de Otávio Leite, do PSDB. Foram solicitadas também entrevistas com Eduardo Paes, o atual prefeito, do PMDB, e com Marcelo Freixo, do PSOL, segundo colocado nas pesquisas de intenções de voto.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Por que o senhor quer ser prefeito do Rio? Se vencer as eleições, qual marca imagina que sua gestão à frente da Prefeitura deixará na cidade?

Eu quero ser prefeito do Rio para cuidar das pessoas e mudar o jeito de se fazer política nessa cidade. Hoje, se preocupam muito com as coisas e pouco com as pessoas. Não se ouve a população, não se conhece as urgências, os problemas e os sonhos da família carioca. Eu quero ser prefeito do Rio porque eu tenho certeza que temos condições de integrar a cidade, de forma que não exista só para os mais ricos, mas que funcione para todos. Queremos que aqueles que mais precisam dos nossos hospitais tenham médicos, e os que precisam de escola tenham bons professores.

Quero administrar o Rio de Janeiro para que a gente tenha um trânsito que não transforme a nossa vida em um caos, como é hoje em todos os bairros da cidade. Quero ser prefeito para tratar dos jovens que estão perdidos na epidemia do crack e dos mais idosos, que precisam do retorno do programa Remédio em Casa. Queremos um governo com mais transparência e que garanta as melhorias já, não apenas depois das Olimpíadas em 2016.

Qual sua opinião sobre as obras e transformações que estão ocorrendo no Rio por conta dos grandes eventos que a cidade vai receber nos próximos anos? 

Os grandes eventos são importantes para o Rio de Janeiro, tanto que o ex-prefeito Cesar Maia trabalhou pela realização do Pan-Americano de 2007, o que garantiu que o Rio pudesse se candidatar à sede das Olimpíadas de 2016. Penso que o cronograma de execução está atrasado e que não há transparência em relação aos recursos investidos. Quero destacar que, em primeiro lugar, iremos garantir que tudo seja cumprido e daremos total transparência aos gastos. No caso dos Jogos Olímpicos, temos de garantir que não será apenas um evento esportivo, mas que deixará um legado para a população do Rio de Janeiro. As Olimpíadas precisam e devem colaborar com o desenvolvimento sustentável, social e econômico de uma cidade.

Um dos maiores pontos de ruptura do atual prefeito (Eduardo Paes) com a gestão de seu antecessor (Cesar Maia) se deu no setor de educação, sobretudo no que diz respeito à aprovação automática. Se eleito, o que o senhor pretende mudar no sistema municipal de educação?

É preciso destacar que, ao contrário do que diz na propaganda, o Eduardo não acabou com o sistema de ciclos no Rio de Janeiro. A aprovação automática, agora, é indireta. Em documento entregue a todos os professores da rede municipal, a Secretaria de Educação definiu uma meta de reprovação máxima de 8% para os alunos iniciais e de 16% para os alunos finais no terceiro bimestre. Esse documento já foi disponibilizado à imprensa e citado no dia 14/09 em matéria do jornal O Globo, na qual a Secretaria de Educação admite que a aprovação automática não acabou no primeiro ciclo.

O sistema de ciclos está fora da minha agenda. Nosso programa para educação, para que todos tenham acesso a uma educação de qualidade, é a valorização do servidor, conforme era feito no governo Cesar Maia, e a retomada da autonomia pedagógica. Queremos, também, aumentar o número de crianças na educação integral, desenvolvendo atividades extraclasses nas Vilas Olímpicas e em outros equipamentos culturais da cidade.

Qual sua estratégia para crescer nessa reta final de campanha? É possível chegar ao segundo turno e derrotar o prefeito Eduardo Paes?

A nossa estratégia é seguir apresentando aos cariocas as nossas propostas para melhorar a vida das pessoas. Tenho dito a todos: não quero que a população espere até a realização de grandes eventos. A necessidade de melhorias no trânsito, saúde, educação, entre outras áreas, é urgente. Quero que os cariocas saibam que Rodrigo Maia e Clarissa têm propostas para melhorar as suas vidas.

Se eleito, pretende retomar os programas da gestão Cesar Maia? Qual o acerto do governo Cesar o senhor gostaria de repetir? E qual erro desejaria evitar?

Sim, temos de trazer de volta o que foi bom. Quando andamos nas ruas, especialmente nas zonas norte e oeste, as pessoas nos perguntam por que o trabalho não foi continuado. No meu entender, a explicação é que alguns políticos não gostam de fazer serviços de manutenção, por acreditarem que isso garante menos votos do que inaugurações. O Rio Cidade garantiu a substituição de galerias de esgotos, impedindo alagamentos e recuperou as calçadas, permitindo acessibilidade aos deficientes físicos. O Favela Bairro tirou as pessoas da lama e deu condições de saúde. O Remédio em Casa salvou a vida de idosos portadores de doenças crônicas e agora queremos ampliar para crianças que sofrem de bronquite.

A chapa encabeçada pelo senhor surgiu como resultado da aposta em uma aliança entre os grupos políticos liderados pelo ex-prefeito Cesar Maia e o ex-governador Anthony Garotinho. Essa aposta tem se mostrado acertada ao longo da campanha? 

Acho que acertamos muito nessa aliança. Discutimos muito, durante cinco meses, e encontramos muitos pontos comuns, como, por exemplo, acabar com a privatização de setores fundamentais como saúde e educação, além de muitas outras propostas para mudar a vida dos cariocas, integrando a cidade. Estou muito confortável com essa aliança e a Clarissa tem sido a vice mais presente nessa campanha. Ela está ao meu lado nos materiais de campanha e em todas as caminhadas onde estou. Acho que é a aliança mais transparente e que tem muito a oferecer para os moradores do Rio. A Clarissa terá participação importante na implantação de projetos para a juventude e na assistência social.

Jovem e bem avaliado como deputado federal nos últimos anos, o senhor enfrenta nestas eleições uma rejeição que não é exatamente dirigida a sua pessoa, mas sim ao fato de estar associado a administrações passadas na cidade e no estado. Carregar esse “fardo” pode tornar menos promissor o futuro do senhor na política regional e também no cenário nacional?

De forma alguma. Acredito na aliança, no legado dos nossos partidos e, principalmente, nas nossas propostas.