Inflação cede no final do ano, fica no limite da meta e BC espera novos recuos

IPCA de 2011 foi o maior desde 2004. Alimentação fora de casa, aluguel, passagens aéreas, combustível, planos de saúde e vestuário ficaram mais caros no ano passado. Já o INPC ficou abaixo de 2010

São Paulo – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2011 com alta de 6,5%, exatamente no teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Foi a maior taxa desde 2004 (7,6%), conforme já se previa. Em 2010, o IPCA atingiu 5,91%. Por outro lado, o índice acumulado em 12 meses, até dezembro, foi o menor desde março (6,3%), mostrando tendência de desaceleração.

O Banco Central, guardião do sistema de metas, lembrou que o IPCA chegou a alcançar 7,3% no terceiro trimestre. “Em 2012, a inflação ao consumidor seguirá recuando”, diz o BC.

Segundo o IBGE, que divulgou os resultados nesta sexta-feira (6), a maioria dos grupos de produtos e serviços pesquisados teve variação maior do que no ano anterior. As exceções foram dos grupos Alimentação e Bebidas (de 10,39% para 7,18%) e artigos de residêcia (de 3,53% para zero). Assim, o impacto dos produtos alimentícios no resultado final passou de 2,34 para 1,69 ponto percentual.

O grupo que mais subiu foi o do Transporte, de 2,41% para 6,05% – o impacto na taxa geral aumentou de 0,46 para 1,13 ponto. Vários itens contribuíram para a elevação, como passagens aéreas (de 3,17%, em 2010, para 52,91%) e etanol (de 4,36% para 15,75%).

Apesar de terem subido menos, os preços de alimentação e bebidas exerceram o maior impacto no ano – o grupo responde por aproximadamente um quatro do orçamento das familias. De acordo com o instituto, houve “forte pressão” dos alimentos consumidos fora do domicílio, com alta de 10,49%, ante 9,81% em 2010. Entre outros destaques de alta, os salários dos trabalhadores domésticos aumentaram 11,37%, pouco abaixo do ano anterior (11,82%). Os serviços bancários, que haviam caído 1,55% em 2010, subiram 12,46% no ano passado. As mensalidades dos colégios também subiram mais, de 6,64% para 8,09%.

Também pesaram mais no bolso o aluguel residencial (de 7,42% para 11,01%) e os planos de saúde (de 6,86% para 7,54%), além de artigos de vestuário (de 7,52% para 8,27%).

Em dezembro, o IPCA teve variação de 0,50%, ante 0,52% no mês anterior e 0,63% em dezembro do ano anterior. 

INPC

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2011 fechou abaixo do ano anterior: 6,08%, ante 6,47% em 2010. Apenas em dezembro, a variação foi de 0,51%, também abaixo do resultado de novembro (0,57%) e de dezembro do ano anterior (0,60%).

Para o ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, o resultado de 2011 ficou dentro da meta prevista. Ele afirmou que a expectativa é de que o IPCA fiquei abaixo de 5% este ano. “Esperamos que (a inflação) continue essa trajetória de queda em direção ao centro da meta”, disse. “A gente não espera ter, em 2012, alguns choques que ocorreram ao longo de 2011 e que foram muito fortes para a inflação, como o aumento das passagens aéreas e o aumento do preço do etanol.” Barbosa também espera comportamento “mais favorável” dos preços administrados, como telefone, água e energia.