O craque do morro

Foto:Rodrigo Queiroz Widemar Ferreira Lima não é apenas mais um adolescente apaixonado por futebol. Aos 14 anos, bom de bola, sério e dedicado, é o capitão do time. “Demar” sua […]

Foto:Rodrigo Queiroz

Widemar Ferreira Lima não é apenas mais um adolescente apaixonado por futebol. Aos 14 anos, bom de bola, sério e dedicado, é o capitão do time. “Demar” sua na quadra e alivia a pressão da mãe. Dona Maria Liduína faz de tudo para mantê-lo longe do perigo. Há nove anos matriculou o filho no projeto social da Mangueira, no Rio de Janeiro. Maria não dá a mínima para Carnaval, mas tem na escola de sua comunidade referência de segurança para a vida de Demar. Ele treina seis horas por semana no projeto Vila Olímpica. Para fazer parte do grupo, precisa ir bem na escola. A ação social na Mangueira projeta a escola para além dos minutos de desfile na Marquês de Sapucaí. Oito mil pessoas são atendidas durante o ano todo em atividades culturais, esportivas e educacionais.

No Vila Olímpica, são 3.540 integrantes. A iniciativa tem 23 anos e já recebeu prêmio da BBC de Londres de melhor projeto social da América do Sul. Um modelo de combate à pobreza, à desigualdade social e à exclusão. No morro, Demar sabe de amigos que já trilharam outros caminhos, mas quer sua vida longe de encrencas. “Meu sonho é ser jogador profissional”, diz. A mãe ocupa o tempo do garoto com atividades saudáveis. “Ele vai da escola pro futebol e de lá pra natação.” Empregada doméstica, só às vezes encontra um tempinho para assistir aos jogos de seu craque. Maria tem outros dois filhos, já casados, que vivem na mesma comunidade. Seu sonho, agora, é a pacificação do morro, prevista para março. O lugar ainda é um dos redutos de organizações criminosas que têm entre suas atividades recrutar crianças para o tráfico.