tensão

Trabalhadores contra terceirização são barrados no Congresso com bombas e gás

Presidente da CUT lamenta que participantes tenham sido tratados como 'bandidos'. Presidente da CCJ da Câmara informa que não vai colocar PL de Mabel em votação este ano

Laycer Tomaz/Câmara

Dirigentes sindicais tentaram negociar entrada de manifestantes, mas não se chegou a acordo

São Paulo – A sessão de hoje (3) da Comissão Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados foi cancelada. Trabalhadores e dirigentes da CUT, que se organizaram para acompanhar a sessão da CCJ onde poderia ser votado o Projeto de Lei 4330, de 2004, foram barrados pelos seguranças com uso de bombas, cassetetes e spray de gás de pimenta.

Após a sessão, o presidente da CCJ, deputado Décio Lima (PT-SC), informou que não vai colocar a proposta em votação. O mandato dele à frente do colegiado vai até fevereiro de 2014. O presidente da CUT, Vagner Freitas, diz que essa é uma afirmação elogiável, porque é a decisão do Partido dos Trabalhadores, de votar contrariamente ao PL. “Mas há um problema nisso, não é só o presidente da CCJ que coloca em votação, qualquer deputado que está na comissão e vá na sessão pode fazer um requerimento e propor a votação”.

Cerca de 3 mil trabalhadores se manifestavam do lado de fora, segundo a CUT. O presidente da central, Vagner Freitas, afirma que tentou negociar a entrada de uma representação de trabalhadores para acompanhar a sessão, com o apoio dos deputados do PT e do PCdoB, mas que não se chegou a um acordo. “Houve violência, temos companheiros e companheiras que foram agredidos e sinceramente isso não era necessário. É normal que você tenha manifestação aqui, porque essa é a casa do povo e nós vivemos em uma democracia. Aqui não há bandidos, os manifestantes são trabalhadores e o tratamento que foi dado a eles, em vez de acalmar, tensiona”.

“O presidente da Câmara baixou regras ditatoriais para que os trabalhadores não possam se manifestar contra o PL 4330, que atropela os direitos com a ampliação da terceirização e da precarização”, afirma a secretária nacional de Relações do Trabalho da CUT, Maria das Graças Costa, em nota publicada no site da entidade.

A votação do PL 4330 não estava na pauta de hoje, mas, segundo Freitas, qualquer deputado pode apresentar um requerimento para a inclusão imediata. Encerradas ontem, as negociações da comissão formada por centrais, governo, empresários e parlamentares não chegou a acordo, e o relator, deputado Arthur Maia (PMDB-BA), afirmou que colocaria o tema em votação ainda esta semana.

“Nós queremos que o projeto seja arquivado, para isso queríamos hoje acompanhar a votação na CCJ, sabemos que o assunto não estava na ordem do dia, mas nós queríamos acompanhar a sessão porque qualquer deputado pode solicitar isso a qualquer momento”, manifestou Freitas.

Em entrevista coletiva nessa manhã, o presidente da CUT afirmou que não há problemas em discutir a regulamentação da terceirização e que outras questões referentes a organização do mundo do trabalho devem ser colocadas em mesa de negociação. “Nós estabelecemos o Fórum Nacional do Trabalho, em 2003, e não chegamos a um acordo. Entendemos que esse é o momento para discutirmos os temas da classe trabalhadora, mas queremos fazê-lo numa mesa de negociação, no fórum adequado e sem a faca no pescoço com a votação do PL para acontecer a qualquer momento.”

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