Mobilização

Sindicatos acionam governos e Ministério Público contra demissões na GM

Trabalhadores estão em greve desde ontem. Montadora não confirmou o número de cortes em três fábricas

Jonatas Toledo/Sind. Met. SCS
Jonatas Toledo/Sind. Met. SCS
Assembleia em São Caetano: três fábricas da GM paradas no estado de São Paulo

São Paulo – As centrais e os sindicatos dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, São José dos Campos e São Paulo/Mogi das Cruzes acionaram governos – federal, estadual e municipais –, além do Ministério Público do Trabalho, para tentar suspender as demissões na General Motors. O número exato de cortes ainda é desconhecido. Em pleno sábado (21), a GM enviou telegramas para os funcionários comunicando o desligamento. Apenas na unidade de São Caetano, no ABC, teriam sido pelo menos 300. As três fábricas têm aproximadamente 11,5 mil empregados.

Os três sindicatos envolvidos encaminharam mensagens ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Os dirigentes afirmam que três importantes fábricas instaladas no estado vêm demitindo por e-mail e telegrama, “sem prévia negociação com os sindicatos que os representam, o que contraria a legislação nacional”. 

Sem negociação

A referência é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre exigência de negociação prévia em caso de demissões em massa. Além disso, afirmam os metalúrgicos, a montadora descumpriu acordos de lay-off (suspensão dos contratos) nas unidades de São José dos Campos e Mogi das Cruzes, além de cortar pessoal “de maneira unilateral” em São Caetano.

Os trabalhadores nas três fábricas estão em greve desde ontem (23). Em notas, centrais e sindicatos afirmam que os cortes são “injustificáveis” (leia abaixo). Na próxima quinta (26), a partir das 9h, trabalhadores da GM de São José farão ato com a presença de familiares.

Confira a nota das centrais:

Não às demissões na General Motors!

As Centrais Sindicais Brasileiras repudiam veementemente a atitude da General Motors (GM), que, em pleno sábado (21/10), demitiu trabalhadores por e-mail e telegrama.

Em São José dos Campos e Mogi das Cruzes, a GM descumpriu acordos de layoff firmados com os sindicatos, que garantiam a estabilidade no emprego para todos das duas plantas. Em São Caetano do Sul a empresa realizou os cortes de maneira unilateral, sem prévia negociação.

A montadora alega queda nas vendas, mas, contraditoriamente, registrou aumento de 18,18% nas vendas brasileiras entre abril e junho de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado, obtendo lucro líquido de 2,57 bilhões de dólares (R$ 12,94 bilhões), um aumento de 51,6% na comparação anual.

Demissão coletiva sem negociação prévia com os sindicatos, contraria a legislação nacional. E os cortes realizados pela GM no Estado de São Paulo são injustificáveis.

Isto posto, as Centrais Sindicais abaixo-assinadas apoiam a greve unificada por tempo indeterminado, iniciada na segunda feira (23/10) e pedem o cancelamento dos cortes.

Para reverter as demissões e garantir os postos de trabalho, os três sindicatos buscam negociação com a montadora e reivindicam intervenções imediatas do Governo Federal, do Ministério do Trabalho, do Governo do Estado de São Paulo e do Ministério Público do Trabalho.

Registramos também que os metalúrgicos da GM no Estado de São Paulo contam com apoio mútuo dos trabalhadores e trabalhadoras da montadora nos Estados Unidos. Em greve há mais de um mês, os operários norte-americanos lutam por aumento de salário e melhores condições de trabalho. Naquele país, movimento é liderado pelo UAW (United Auto Workers).

São Paulo, 24 de outubro de 2023

Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)

Miguel Torres, Presidente da Força Sindical

Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)

Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

Moacyr Roberto Tesch Auersvald, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)

Antonio Neto, Presidente da CSB, (Central dos Sindicatos Brasileiros)

Atnágoras Lopes, Secretário Executivo Nacional da CSP-Conlutas

Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora

José Gozze, Presidente da PÚBLICA, Central do Servidor

Emanuel Melato, Coordenador da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora

E a nota dos sindicatos:

Nota conjunta dos sindicatos dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, São José dos Campos e São Paulo e Mogi das Cruzes

Os sindicatos dos metalúrgicos de São Caetano do Sul, São José dos Campos e São Paulo e Mogi das Cruzes repudiam veementemente a atitude da General Motors, que, em pleno sábado (21/10), demitiu trabalhadores por e-mail e telegrama.

A demissão coletiva foi covarde e arbitrária, já que ocorreu sem negociação prévia com os sindicatos, o que contraria a legislação nacional. 

Além disso, em São José dos Campos e Mogi das Cruzes, a GM descumpriu acordos de layoff firmados com os sindicatos, que garantiam a estabilidade no emprego para todos das duas plantas. Em São Caetano, de igual forma, a empresa realizou os cortes de maneira unilateral, sem prévia negociação.

Todos os cortes são injustificáveis. A montadora alega queda em suas vendas, mas registrou, ao contrário, aumento de 18,18% nas vendas brasileiras entre abril e junho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, obteve lucro líquido de 2,57 bilhões de dólares (R$ 12,94 bilhões) no segundo trimestre deste ano, um aumento de 51,6% na comparação anual.

Em repúdio à demissão coletiva e pelo cancelamento dos cortes, os metalúrgicos da GM em São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes aprovaram greve unificada por tempo indeterminado, neste domingo (22).

Os três sindicatos buscam negociação com a montadora, para reverter as demissões e garantir os postos de trabalho.

Os sindicatos também reivindicam intervenções imediatas do Governo Federal, do Ministério do Trabalho, do Governo do Estado de São Paulo e do Ministério Público do Trabalho diante da grave situação dos demitidos.

Os metalúrgicos da GM no estado de São Paulo também têm apoio mútuo com trabalhadores da montadora nos Estados Unidos. Em greve há mais de um mês, os operários norte-americanos lutam por aumento de salário e melhores condições de trabalho. O movimento é liderado pelo UAW (United Auto Workers).

23 de outubro de 2023.

Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes


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